Jefferson Queiroz
Acordei com febre. Delirei. Em minha alucinação, imaginei-me numa igreja evangélica, num culto de empresários. Calado, ouvia testemunhos de vitória financeira, de ex-falidos que enriqueceram, de cancelamento de dívidas num toque de mágica e depósitos bancários feito por “anjos”. Subitamente, surgiu diante de mim um livro enorme “A Bíblia Sagrada” com páginas reluzentes.
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” (1Timóteo 6.9-10).
Depois, na mesma reunião, eu me via pregando: “Pare de sofrer, venha para Cristo e todos os seus tormentos vão acabar”. De repente, a página do grande livro virou e li:
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará (Mateus 16.24.25). No mundo tereis aflições...” (João 16.33).
A febre aumentou e eu identifiquei uma pessoa igualzinha a mim dando aula, agora para um pequeno auditório: “Aprenda a reivindicar os seus direitos com Deus, afinal de contas você é filha do rei, você paga o dizimo e precisa aprender a buscar o que é seu”. A folha do livro virou novamente:
“Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (Atos 20.24).
Comecei a tremer, meu corpo se arrepiava com ondas de frio; vertigens, imagens confusas, se alternavam diante dos meus olhos e eu insistia em pregar para o mesmo auditório: “Vou ensinar-lhes a alcançar todas as bênçãos que os filhos de Deus merecem". O livro parecia inflamado, labaredas de fogo queimavam sem consumir as páginas que, vermelhas, passavam velozmente:
“E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça” (Romanos 11.6).
Nesse frenesi alucinado, minhas forças desapareceram enquanto uma voz procurava incentivar-me: "Você pode, você pode. Conscientize-se de sua fortaleza, não admita a idéia de ser fraco". O livro rodopiou no céu e veio em direção a mim enquanto um dedo, sem mão, apontava para dois textos grafados a fogo:
“Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2Coríntios 12.9-10).
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2.5-8).
Terminei de escrever o que havia se passado comigo e dormi. Hoje amanheci totalmente curado.
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