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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um alerta solene à igreja


Rev. Hernandes Dias Lopes


Hoje é o primeiro dia do ano de 2012. É tempo de balanço, de reflexão, de tomada de decisões. É tempo de despojarmo-nos daquilo que foi apenas peso e comprometermo-nos com princípios e valores que deixamos para trás. Muito embora tenhamos recebido bênçãos sem medida, e todas como expressão da graça de Deus, reconhecemos que a igreja poderia ter sido mais santa, mais unida, mais operosa, mais dinâmica, mais alegre, mais cheia do Espírito Santo. O importante agora é avaliarmos onde falhamos e fazermos uma correção de rota para não repetirmos os mesmos erros e para buscarmos, com afinco, aquilo que deixamos de fazer. Cabe-nos, alinharmos nossas ações com os preceitos da Palavra, e vivermos de modo digno do Evangelho neste novo ano que recebemos. Para isso, três atitudes devem ser observadas:

1. Precisamos fugir do secularismo que mundaniza a igreja. O secularismo é uma realidade inegável. É a ideia de que Deus não interfere em todas as áreas da nossa vida. No domingo somos crentes; durante a semana vivemos a vida do nosso jeito e ao nosso gosto. O que vemos, ouvimos, falamos, fazemos ou deixamos de fazer não é mais regido pelos preceitos das Escrituras. Dicotomizamos a vida em secular e sagrado. Assim, namoro, casamento, negócios e lazer pertencem a área do secular e nessas áreas amoldamo-nos aos ditames do mundo e não aos preceitos da Palavra. Nossas festas, embora precedidas por um culto a Deus, estão se tornando cada vez mais mundanas, onde não faltam bebidas alcoólicas, músicas profanas, danças sensuais, e todos os apetrechos importados das boates mais especializadas no lazer mundano. O mundo está entrando na igreja e a igreja está se amoldando ao mundo. Colocamos o pé no freio ou a igreja será sal sem sabor e luz debaixo do alqueire. Voltamo-nos para Deus para consagrar todas as áreas da nossa vida a ele ou a igreja perderá seu poder, seu testemunho e sua relevância no mundo. 

2. Precisamos fugir do legalismo que oprime a igreja. O legalismo é um caldo mortífero que adoece a igreja em nome da verdade. Os legalistas coam mosquito e engolem camelo. Brigam por aquilo que é secundário e transigem com aquilo que é essencial. Em nome do zelo espiritual ferem pessoas, perturbam a paz e quebram os vínculos da comunhão. Os legalistas agem como os fariseus que acusavam Jesus de pecado por curar no dia de sábado, mas não viam seus próprios pecados quando tramavam a morte de Jesus no sábado. Os legalistas são aqueles que reputam a sua interpretação das Escrituras como infalível e atacam como os escorpiões do deserto aqueles que discordam da sua visão extremada, chamando-os de hereges. O legalismo é fruto do orgulho e desemboca na intolerância. Em nome da verdade, sacrifica a própria verdade e insurge-se contra o amor. O legalismo é reducionista, uma vez de repudia todos aqueles que não olham para a vida pelas suas lentes embaçadas. O legalismo professa uma ortodoxia morta; uma ortodoxia sem amor e sem compaixão. Não podemos caminhar por essa estrada. Aqueles que o fizeram no passado colheram frutos amargos. Acautelemo-nos! 

3. Precisamos fugir do liberalismo e do sincretismo que atacam a igreja. O liberalismo tira da Escritura o que nela está e o sincretismo acrescenta a ela o que nela não pode estar. O liberalismo nega a inerrância e a infalibilidade da Escritura e o sincretismo nega a suficiência da Escritura. A igreja de Deus é aberta a todos, mas não aberta a tudo. Devemos acolher as pessoas sem acepção, mas não podemos abrigar tudo sem exceção. As pessoas devem ser aceitas na igreja; não o pecado. Não podemos tolerar o erro. Não podemos transigir com falsas doutrinas. Não podemos fazer vistas grossas aos falsos ensinos. Não podemos abrir nossas portas às novidades do mercado da fé. Não podemos transigir com a verdade para atrair pessoas à igreja. Não podemos negociar princípios e valores para buscarmos o crescimento da igreja. Nosso compromisso é alimentar as ovelhas e não entreter os bodes. Que Deus nos ajude a caminharmos vitoriosamente em 2012!

Recebido por e-mail, Boletim nº 147

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Evangélicos não convertidos



Pr. Airton Evangelista da Costa

SER EVANGÉLICO, ou melhor, freqüentar igrejas evangélicas continua sendo uma boa opção para muitos. O termo “protestante” está em desuso. Os evangélicos não convertidos ou num lento processo de libertação, que tentarei identificar, odeiam protestar contra qualquer coisa. Quais suas principais características?

Sabem que possuem um conhecimento superficial da Palavra, mas nada fazem para superar essa deficiência. Às vezes, se mostram curiosos por conhecer detalhes da Bíblia - “Quantos anos viveu Moisés?”; “Por que Deus não prende logo satanás e seus anjos?”- mas longe estão de pesquisar e meditar.

São facilmente manipulados pelas seitas; são propensos a acreditar no “outro evangelho”; não conseguiram se libertar da idolatria da igreja tradicional; trocaram as imagens pelos amuletos: um lençol, um cajado, um punhado de sal, um copo dágua.

Mudam com freqüência de igreja. Procuram uma que se adapte ao seu modo de pensar e agir.

São pouco dados à contestação de desvios doutrinários. Alegam que devemos respeitar as opiniões dos outros. Para os pecados, alegam que todos somos pecadores, que ninguém pode atirar a primeira pedra, que Deus conhece nossas fraquezas: “Ele sabe que sou fraco”. São desculpas para o pecado consciente e continuado.

Por não conhecerem a Palavra, não dão o devido valor à defesa dos princípios cristãos, dos valores éticos e morais. Fogem a essas discussões: “Todo mundo faz”; “cada um por si e Deus por todos”; “vivo a minha vida, dou esmolas, vou à igreja aos domingos, dou minha oferta”. Nem fedem, nem cheiram.

Raramente participam dos trabalhos da igreja. Não evangelizam, não freqüentam círculos de oração, não louvam, não pregam, não freqüentam escolas bíblicas.

O nome “evangélico” soa muito bem em seus lábios. Esse vocábulo tem uma sonoridade toda especial. De quando em vez, artistas do rebolado e figuras televisivas se apresentem ostentando a bandeira evangélica.

Satisfazem-se em saber que a mulher do governador é evangélica; o prefeito é evangélico; o deputado tal é evangélico, mas evitam o “desgaste” de afirmar que sua auxiliar doméstica é evangélica. Esta não é sua irmã em Cristo. Não freqüentam a mesma igreja, a igreja da elite. Dizer que o camelô da esquina é seu irmão de fé? Nem pensar.

“Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15.8). “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1 Jo 3.18).

25.10.2010
Revisado/atualizado em 09.01.2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A OBRA DE DEUS NESTA DISPENSAÇÃO




Watchman Nee

Leitura: "A graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo (...) E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo Naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o Corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor" (Efésios 4-7, 11-16).

Vamos considerar agora o seguinte assunto: o que é a obra de Deus nesta dispensação? Encontramos a resposta na passagem de Efésios citada acima: a obra de Deus nesta dispensação é formar o Corpo de Cristo. E a obra da Igreja é exatamente a mesma, isto é, formar o Corpo de Cristo: "Todo o Corpo (...) efetua o seu aumento para a edificação de si mesmo em amor". Nenhuma missão, escola bíblica, grupo evangelístico ou coisa semelhante pode jamais tomar o lugar da Igreja ou fazer a obra da Igreja.

PARA O APERFEIÇOAMENTO DOS SANTOS
A típica Igreja de hoje está preocupada principalmente com a salvação de almas, mas no Novo Testamento, como em Efésios, não vemos isso. Cristo deu alguns para serem apóstolos, alguns para serem profetas, outros para serem evangelistas e outros para pastores e mestres. Por quê? Para o aperfeiçoamento dos santos. A principal preocupação da Igreja hoje parece ser salvar os homens do inferno, da punição, da dor e da perda. Isso é bom, mas não é o propósito de Deus para a Igreja. Não é Sua obra para a Igreja.
A tarefa que Ele designou para a Igreja é "o aperfeiçoamento dos santos", porque a obra de Deus e a obra da Igreja é a formação e edificação do Corpo. É nos dito que, tendo em vista a encarnação do Senhor Jesus, Deus formou um Corpo para Ele, Cristo; da mesma forma, o Senhor Deus está também preparando um Corpo para Ele hoje. Os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são dados à Igreja para edificarem o Corpo, isto é, eles, como membros do Corpo, são para a edificação do Corpo. Os membros do Corpo são para o Corpo.
Os dons para a Igreja, que são membros do Corpo, são para o Corpo. O Corpo é para edificar o Corpo.

NÃO DOUTRINA, MAS VIDA
Pode a obra de Deus estar fora da Igreja em alguma missão, grupo evangelístico ou qualquer outro órgão? Nunca! Porque tem de ser a própria Igreja - o Corpo - que faz a obra do Corpo. Isso decide as considerações sobre obreiros ou missões independentes, grandes ou pequenas, notavelmente organizadas ou motivadas pela fé. Se estão separadas do Corpo, estão separadas da ordem de  Deus.
Isso não é um princípio ou doutrina, mas é uma questão de vida. Se você tiver revelação em relação a isso, então, no momento em que fizer a menor coisa individualista e não relacionada ao Corpo, você sentirá e saberá que está errado, mesmo sendo uma coisa pequena. Não existe absolutamente qualquer lugar para a independência ou individualismo, pois isto é o ego, isto é você, não é Cristo. Você entende isso como doutrina? Se você não tem consciência do Corpo, então seu entendimento está na esfera mental e não lhe vem por revelação. Se for assim, é algo que você recebeu de fora, não é algo que veio do interior. Não é espontâneo e não é vida para você. Pelo contrário, é algo em sua mente e não uma revelação; caso contrário, você teria consciência do Corpo. Se é algo que você pode jogar fora, de que pode livrar-se ou pôr de lado, então você não tem revelação sobre o Corpo.

Se você está realmente no Corpo, como uma experiência resultante de revelação, você não tem como se livrar dele. Você não tem outro caminho, não existe outra escolha - só existe um caminho para você. Se você não seguir este caminho, não existe outro caminho para você, simplesmente porque você viu o Corpo por revelação. Se for revelação será algo interior, no seu espírito, e não algo exterior, em sua mente.
Fora da Igreja, que é o Corpo de Cristo, não há possibilidade de trabalhar para Deus. Se você for a um lugar onde existe uma igreja verdadeira, isto é, uma expressão do Corpo de Cristo que é realmente Sua igreja, você não pode trabalhar separado daquela igreja, isto é, não relacionado com ela. Não abrigue a idéia de que os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são os únicos obreiros que Deus estabeleceu no Corpo e para o Corpo. Realmente não são os únicos; cada membro do Corpo é designado por Deus para trabalhar para Deus e para o Corpo para a edificação do Corpo. Não é que alguns são obreiros e outros são simplesmente membros do Corpo. Todos são obreiros. O Corpo de Cristo deve edificar a si mesmo. Tudo deve vir do Corpo e tudo deve ser para o Corpo. Não estamos aqui para estabelecer algo, para estabelecer uma "coisa", para sermos um modelo de culto, para representar um novo movimento. Estamos aqui para representar uma expressão da vida de Cristo em Seu Corpo. Em Xangai, o que quer que seja do Senhor, quem quer que seja do Senhor, qualquer coisa e qualquer um que represente uma medida da vida de Cristo, nós os consideramos como pertencendo a nós. Eles são parte de nós, quer percebam ou reconheçam isso, quer não, e nós somos parte deles.
Se não for algo vivo, não é a Igreja. Uma coisa morta não pode ser Seu Corpo.
Geralmente o que mantém unida uma missão ou obra é um conjunto de doutrinas, algumas especiais, ou o próprio fundador, que pode ter sido um homem piedoso. Que o Senhor nos livre disso, pois tudo isso é morto. O Espírito Santo não pode apoiar tal coisa ou ministrar a ela, pois é uma "coisa", e o Espírito Santo só pode usar um organismo vivo: o Corpo, a Igreja. Toda obra deve sair da Igreja e toda obra deve ser para a Igreja, para a sua edificação.

O alvo de tudo o que mencionamos é encontrado em Efésios 4-13: "Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo". Isso nunca poderá ser realizado individualmente; só pode ser realizado e alcançado como um Corpo. Portanto, peçamos a Deus para tratar conosco e cortar todo o individualismo, todo pensamento próprio, toda decisão própria e toda a ação e movimento individualistas. Nossa vida inteira deve ser vivida no Corpo. Pecamos ao Senhor para nos ensinar como viver no Corpo. A vida do Corpo não é algo que possamos estudar, mas é algo muitíssimo natural e espontâneo, se estamos no Corpo por revelação.
(Watchman Nee - A Obra de Deus)

Recebido, por e-mail do Irmão Alexandre Rodrigues

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O profeta Elias escreveu uma carta mediúnica depois de sua morte?




Anísio Renato de Andrade

O PROFETA ELIAS E A CRONOLOGIA DOS REIS


Será que o profeta enviou uma carta do além para o rei Jeorão? 

Uma leitura superficial da bíblia e o desconhecimento dos costumes da época podem produzir conclusões absurdas a respeito dos fatos bíblicos, como veremos no seguinte exemplo:      

II Rs.2.11 – Elias foi arrebatado.     
II Rs.3.1 – Começa o reino de Jorão em Israel.      
II Rs.8
.16 – Começa o reino de Jeorão em Judá (5 anos depois do início de Jorão).       
II Cr.21.12 – Elias escreve uma carta para o rei Jeorão de Judá.    

Observando-se tal sequência, surge a pergunta: Como Elias poderia ter escrito essa carta, se ele havia sido arrebatado muitos anos antes? 

Algumas pessoas (espíritas), sugerem duas explicações alternativas: 

1 - Elias não foi arrebatado. Ele estava na terra quando escreveu a carta. Logo, o texto sobre o arrebatamento é apócrifo, ou seja, falso. 
2 - Elias morreu e enviou uma carta psicografada para o rei através de um médium. 

Seria igualmente absurda a seguinte análise:  

Mc.6.16 – João Batista foi degolado, por ordem de Herodes. 
Mc.6.20 – Herodes ouve mensagens de João Batista.      

Seriam mensagens do além? Como Herodes poderia ouvir João no versículo 20, se ele morreu no versículo 16? (E olha que não tinha fita cassete, nem DVD nem MP3). É claro que um questionamento desse tipo não resiste a uma leitura atenta dos versículos 16 até 29. O exame do contexto é um dos princípios magnos da hermenêutica. A interpretação bíblica não pode ser feita com segurança a partir de versículos isolados. O verso 16 cita a morte de João e os versículos seguintes vão explicar as circunstâncias de sua morte, ou seja, vão narrar os últimos fatos da sua vida. Logo, não há que se falar em psicografia (tá amarrado!), mediunidade (tá queimado!), nem coisa parecida (tá amarrada também!).    

Absurdo semelhante seria dizer que Pedro negou a Cristo 12 vezes: 3 em Mateus, 3 em Marcos, 3 em Lucas e 3 em João.   

Voltemos
, portanto, à história de Elias. Antes de explicar, vamos complicar um pouco mais. Compare II Rs.1.17 com II Rs.8.16:   

II Rs.1.17 - "Assim, pois, morreu (Acazias, filho de Acabe) conforme a palavra do Senhor que Elias falara. E Jorão (seu irmão) começou a reinar em seu lugar (em Israel) no ano segundo de Jeorão, filho de Jeosafá, rei de Judá; porquanto Acazias não tinha filho". (As notas entre parênteses são do autor deste artigo).  

II Rs.8.16 – "Ora, no ano quinto de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, Jeorão, filho de Jeosafá, rei de Judá, começou a reinar".     

Vamos simplificar as afirmações:    
II Rs.1.17 diz que, no segundo ano do reinado de Jeorão em Israel, Jorão começou a reinar em Judá.     
II Rs.8.16 diz que, no quinto ano do reinado de Jorão em Judá, Jeorão começou a reinar em Israel.     
Será que estamos diante de uma contradição bíblica? Qual rei começou a reinar primeiro? Quando encontrarmos contradições ou erros na bíblia, estejamos certos de que os errados somos nós e precário o nosso entendimento.      

Dá para complicar um pouco mais? É possível. Veja: 
II Rs.3.1 – "Ora, Jorão, filho de Acabe, começou a reinar sobre Israel, em Samaria, no décimo oitavo ano de Jeosafá, rei de Judá, e reinou doze anos". 

Agora a confusão está completa (e bastante incrementada pela semelhança dos nomes). Afinal, Jorão começou a reinar sobre Israel no segundo ano do reinado de Jeorão de Judá, ou no décimo oitavo ano do rei Jeosafá de Judá?   

Para sairmos desse nó (cego), precisamos conhecer um pouco dos costumes antigos. Algumas vezes, um príncipe começava a reinar enquanto o rei, seu pai, ainda era vivo (IRs.1.43; IIRs.15.5; Dn.5.1,29). Foi o que aconteceu nesse caso. No décimo sétimo ano do seu reinado, Jeosafá nomeou seu filho Jeorão como rei em Judá. Portanto, durante alguns anos, Judá teve dois reis, o pai e o filho. Tal medida tinha por finalidade garantir a sucessão real através daquele filho, dificultando que outra pessoa, até mesmo outro filho, assumisse o governo quando o pai morresse. Isto fica evidente no fato de que, após a morte de Jeosafá, seu filho Jeorão mandou matar todos os seus irmãos (IICr.21.4).     

Assim, o décimo oitavo ano do reinado de Jeosafá em Judá era também o segundo ano do reinado do seu filho Jeorão, também em Judá. Foi quando começou o reinado de Jorão, filho de Acabe, em Israel, conforme IIRs.1.17 e IIRs.3.1 e IRs.22.50.      

No quinto ano do reinado de Jorão sobre Israel, morreu o rei Jeosafá de Judá, e seu filho Jeorão assumiu sozinho o trono (IRs.22.50). Portanto, foi um novo começo para ele, conforme IIRs.8.16. Considerando esta como a efetiva entronização de Jeorão em Judá, fica parecendo que o seu governo tenha iniciado depois de Jorão em Israel.      

Portanto
, não existem erros nem contradições nem espiritismo nessa história. Se misturarmos os fatos dos livros de Reis e Crônicas, conforme fizemos no início, imaginando que a ordem em que os livros aparecem na bíblia corresponda à cronologia, criaremos fantasias espetaculares (Deus nos livre). Reis e Crônicas (e parte de Samuel) são relatos paralelos e não consecutivos. Sua relação é semelhante à existente entre os quatro evangelhos. 

Se, porém, tomarmos apenas os livros de I e II Reis para análise, encontraremos a linha cronológica de modo mais evidente, mesmo porque, na bíblia hebraica, os dois compõem um só livro. Então, vejamos: 

I Rs.22.50 – O rei Jeosafá morreu e seu filho Jeorão assumiu o trono. 
II Rs.2.11 – Elias foi arrebatado.     
Portanto, Elias teve tempo e todas as condições normais para enviar uma carta normal para o rei Jeorão. Não se trata de carta do além, nem psicografia (graças a Deus).  
Conforme II Rs.1.17, Elias estava na terra, vivo, em corpo (carne e ossos), e alma e espírito (afinal, sou tricotomista), ao mesmo tempo em que reinavam Jorão em Israel e Jeorão em Judá. Os três foram contemporâneos. Logo, o profeta poderia escrever uma carta para Jeorão, sem dificuldade (e sem mediunidade). E se, de outro modo, Elias não estivesse na terra, Deus usaria Eliseu para levar a mensagem ao rei. Afinal, ele sucedeu Elias para quê? Só pra ganhar a capa? Não.

O texto de IIRs.3.1, que cita o início do reino de Jorão em Israel, é uma recapitulação do assunto, pois a posse do monarca já tinha sido relatada em 1.17. Logo, não ocorreu após o arrebatamento de Elias descrito no capítulo 2.        

Podemos continuar a leitura de II Reis até o fim. Se começarmos a ler I Crônicas, que vem logo a seguir, precisaremos estar conscientes de que, depois das genealogias, o livro vai recontar a história dos reis de Israel e Judá. Só falta a turma da heresia mal feita dizer que Davi morreu em I Rs.2.10 e reencarnou em IICr.2.15. Na sequência das crônicas, os monarcas já citados aparecerão novamente no texto e Elias também (IICr.21.12). Esta última referência corresponde ao final do primeiro livros dos Reis (compare IRs.22.50 com IICr.21.1).      

Os apologistas do espiritismo querem provar, a qualquer custo, que Elias tenha morrido para que possam justificar sua suposta reencarnação em João Batista. Ainda não foi desta vez. 

Encerro citando as palavras de Jesus: "Errais não conhecendo as escrituras nem o poder de Deus". Misericórdia! Amém.

Anísio Renato de Andrade
Bacharel em Teologia
www.santovivo.net

Veio para o que era seu e os seus não o receberam



Pastor Ricardo Sterkenburg
Texto: João 1:11
Depois de um hiato de reflexão sobre o valor desta matéria e o tempo que tenho disponível para cumprir meu dever, volto para o website de Ministérios RBC. A Bíblia que Deus nos deu foi escrita dentro das leis gramaticais. É mister, a meu ver, prestar bem atenção nas regras gramaticais. Há um trecho, considero eu, que não está sendo bem compreendido, o qual encontra-se no livro de João 1:11, “Veio para o que era seu e os seus não o receberam.”
Desejo salientar as palavras “seu e seus”. Os tradutores as traduziram com dificuldade. Em primeiro lugar, João, originalmente, escreveu os dois pronomes no plural. E também deixou-se de refletir o gênero destes pronomes o qual amplia um pouco o significado deste trecho. João, como no idioma português, teve o recurso do masculino, feminino e ainda mais um, a saber; o neutro (algo parecido com isso, isto, tanto, quanto, tão, tal, etc).
O primeiro pronome deveria ter sido traduzido como um neutro plural. Comumente traduzido com “coisas” ou seria Jesus veio para “suas coisas”. O segundo pronome é um pronome masculino plural que, em parte, indica o gênero masculino, porém pode também contemplar ambos os gêneros. Por exemplo, podemos falar dos membros da igreja. Isso descreve uma pluralidade sem reflexos genéricos, tanto homens como mulheres. É um pouco difícil achar uma tradução com gênero plural masculino, sendo ainda plural. Seria parecido aos seus povos, congêneres ou consanguíneos para indicar o povo dele, tanto mulher como homem.
Agora temos que determinar o significado atribuído para este vocábulo grego, ιδιος para o qual temos várias palavras portuguesas “idioma, idiopatia, etc. Este vocábulo grego encontra-se 113 vezes no Novo Testamento. A maioria das vezes os tradutores o traduziram como “seu(s) sua(s)” (32 vezes); ou “próprio(s) própria(s)” (51 vezes) na Bíblia em português. Então, o significado propriamente dito, seria “…o que é seu ou o que é seu próprio”. Assim indicando o domínio de algo que pertence a palavra em si. As palavras “seu/sua” são pronomes possessivos que refletem perfeitamente este significado. O outro vocábulo “próprio” também demonstra domínio, como “a quem pertence a”.
A palavra é usada para indicar uma singularidade ou ligação particular ao substantivo que se qualifica. Repetidas vezes encontramos expressões na Bíblia como: “seu próprio corpo, seu próprio marido, suas próprias ovelhas, seu próprio idioma, etc.” Chega então o momento de traduzir estes vocábulos no livro de João 1:11: “Veio para suas próprias coisas e os seus próprios congêneres não o receberam”, (parecer do escritor).
Quais são as coisas que pertenceram a Ele? Tudo que se acha na Terra Santa, exceto os seres humanos. Paulo nos faz lembrar que tudo foi criadopara ele, “…pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra […]. Tudo foi criado por meio dele e para ele” Colossenses 1:16. As árvores e seus frutos, os rios e mares até os edifícios pertencem a Jesus. Veja o que Ele disse sobre o templo, “…não façais da casa de meu Pai casa de negócio” João 2:16. Foi dito quando purificou o templo dos negociantes. Em seguida, no mesmo livro Jesus disse: “Tudo quanto o Pai tem é meu” João 16:15. Três vezes Jesus referiu-se ao templo como: “A casa do meu Pai” Mateus 21:13; Marcos 11:17 e Lucas 19:46.
No Antigo Testamento, nos dias da distribuição da Terra Prometida, Deus disse seguidamente: “…porque a terra é minha…” (Levítico 25:23). Veja ainda Levítico 26:4, “…eu vos darei as vossas chuvas e seu tempo; e a terra dará a sua messe, e a árvore do campo, o seu fruto”. É muito interessante como o autor da Bíblia, o Espírito Santo, preservou este conceito por ter usado este vocábulo no neutro plural, “suas próprias coisas”.
O segundo vocábulo “seus próprios congêneres” é logo entendido pelos conhecedores da Bíblia como o povo judaico. Muitos estudiosos da Bíblia logo pensam em Gênesis 12:2, “…de ti farei uma grande nação…”. Quando o templo de Salomão foi dedicado, Deus respondeu-lhe a oração chamando os presentes como “meu povo“. “…se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar…” 2 Crônicas 7:14. Na oração própria, Salomão chama Israel como o povo de Deus, “…teu povo de Israel… (6:33). No Novo Testamento, na oração de Simeão, Israel ainda está identificada como o povo de Deus “…para a glória do teu povo de Israel,” (Lucas 2:32). Esta expressão também se acha nos escritos do apóstolo Paulo, “…terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? Deus não rejeitou os Seu povo,” Romanos 11:1-2.
É claro então que João tem em vista o povo de Israel e as coisas na terra chamada “Santa”. Jesus “Veio para o que eram suas próprias coisas (tudo que pertencia à terra santa; seu terreno, suas searas, celeiros, o próprio templo) e os seus próprios compatrícios não o receberam” (João 1:11).
Doutor Ricardo Sterkenburg
Diretor Jubilado do Seminário Batista Regular em São Paulo