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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como Evitar Desequilíbrios Religiosos



Arthur W. Pink 

Vigilância, oração, autodisciplina e aquiescência inteligente aos propósitos de Deus são indispensáveis para qualquer progresso real na santidade. Existem certas áreas de nossas vidas em que os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro, a um erro tão grande que leva à própria deformação espiritual. Por exemplo:

1. Quando, em nossa determinação de nos tornarmos ousados, nos tornamos atrevidos. Coragem e mansidão são qualidades compatíveis; ambas eram encontradas em perfeitas proporções em Cristo, e ambas brilharam esplendidamente na confrontação com os seus adversários. Pedro, diante do sinédrio, e Paulo, diante do rei Ágripa, demonstraram ambas essas qualidades, ainda que noutra ocasião, quando a ousadia de Paulo temporariamente perdeu o seu amor e se tornou carnal, ele houvesse dito ao sumo sacerdote: "Deus há de ferir-te, parede branqueada". No entanto, deve-se dar um crédito ao apóstolo, quando, ao perceber o que havia feito, desculpou-se imediatamente (At 23.1-5).

2. Quando, em nosso desejo de sermos francos, tornamo-nos rudes. Candura sem aspereza sempre se encontrou no homem Cristo Jesus. O crente que se vangloria de sempre chamar de ferro o que é de ferro, acabará chamando tudo pelo nome de ferro. Até o fogoso Pedro aprendeu que o amor não deixa escapar da boca tudo quanto sabe (1 Pe 4.8).

3. Quando, em nossos esforços para sermos vigilantes, ficamos a suspeitar de todos. Posto que há muitos adversários, somos tentados a ver inimigos onde nenhum deles existe. Por causa do conflito com o erro, tendemos a desenvolver um espírito de hostilidade para com todos quantos discordam de nós em qualquer coisa. Satanás pouco se importa se seguimos uma doutrina falsa ou se meramente nos tornamos amargos. Pois em ambos os casos ele sai vencedor.

4. Quando tentamos ser sérios e nos tornamos sombrios. Os santos sempre foram pessoas sérias, mas a melancolia é um defeito de caráter e jamais deveria ser mesclada com a piedade. A melancolia religiosa pode indicar a presença de incredulidade ou pecado, e, se deixarmos que tal melancolia prossiga por muito tempo, pode conduzir a graves perturbações mentais. A alegria é a grande terapia da mente. "Alegrai-vos sempre no Senhor" ( Fp 4.4).

5. Quando tencionamos ser conscienciosos e nos tornamos escrupulosos em demasia. Se o diabo não puder destruir a consciência, seus esforços se concentrarão na tentativa de enfermá-la. Conheço crentes que vivem em um estado de angústia permanente, temendo que venham a desagradar a Deus. Seu mundo de atos permitidos se torna mais e mais estreito, até que finalmente temem atirar-se nas atividades comuns da vida. E ainda acreditam que essa auto-tortura é uma prova de piedade.

Enquanto os filósofos religiosos buscam corrigir essa assimetria (que é comum à toda raça humana), pregando o "meio-termo áureo", o cristianismo oferece um remédio muito mais eficaz. O cristianismo, estando de pleno acordo com todos os fatos da existência, leva em consideração este desequilíbrio moral da vida humana, e o medicamento que oferece não é uma nova filosofia, e sim uma nova vida. O ideal aspirado pelo crente não consiste em andar pelo caminho perfeito, mas em ser conformado à imagem de Cristo.

Fonte: Devocional do Mês - Editora Fiel (enviado por e-mail)

domingo, 28 de agosto de 2011

A Verdadeira Adoração, conforme Salmo 50






Samuel Rindlisblacher

“Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15).

Muitos conhecem essa passagem popular do Salmo 50, mas seu contexto na Bíblia merece ser levado em consideração. O tema central do Salmo 50 é a adoração verdadeira a Deus, o legítimo louvor ao Senhor, o louvor que Lhe é agradável.

A verdadeira adoração na Criação

Adoração verdadeira começa com a Criação: “Fala o Poderoso, o Senhor Deus, e chama a terra desde o Levante até o Poente” (v.1). A real finalidade da Criação é louvar a Deus. É o que nos diz o Salmo 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.

A verdadeira adoração revela a grandeza e a glória de Deus

“Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus. Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta” (vv.2-3).

“Conheço todas as aves dos montes, e são meus todos os animais que pululam no campo” (Salmo 50.11).
A verdadeira adoração sempre inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania. Quando o Senhor encontrou-se com Moisés, lemos: “Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus” (Êx 3.6). Isaías clama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.5). Elias“envolveu o rosto no seu manto” (1 Rs 19.13). Paulo caiu por terra e “tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça?” (At 9.6, Almeida Revista e Corrigida). Vemos, portanto, que a adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado.

A adoração falsa

É justamente a falta de uma vida adequada do Seu povo que leva o Senhor a lamentar profundamente e a anunciar o juízo, como lemos no Salmo 50: “Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. ‘Congregai os meus santos, os que comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios’. Os céus anunciam a sua justiça, porque é o próprio Deus que julga” (vv.4-6).

Deus toma os céus e a terra por testemunhas e lembra ao Seu povo a aliança que firmou com ele, mas vê-se obrigado a acusar Israel, falando em julgamento. É uma acusação contra os rituais exteriores e vazios, ao culto sem conteúdo. Fazendo a aplicação aos nossos dias, Deus lamenta um cristianismo sem Cristo!

“Escuta, povo meu, e eu falarei; ó Israel, e eu testemunharei contra ti. Eu sou Deus, o teu Deus. Não te repreendo pelos teus sacrifícios, nem pelos teus holocaustos continuamente perante mim. De tua casa não aceitarei novilhos, nem bodes, dos teus apriscos. Pois são meus todos os animais do bosque e as alimárias aos milhares sobre as montanhas. Conheço todas as aves dos montes, e são meus todos os animais que pululam no campo. Se eu tivesse fome, não to diria, pois o mundo é meu e quanto nele se contém. Acaso, como eu carne de touros? Ou bebo sangue de cabritos?” (vv.7-13).

Deus volta-se contra a forma de culto apenas exterior, contra uma adoração sem conteúdo bíblico. Hoje, em muitas igrejas a adoração transformou-se em show, em ativismo piedoso sem ligação com o próprio Senhor. Em Israel, na época em que foi escrito o Salmo 50, acontecia o mesmo, e essa realidade está retratada por Isaías em seu lamento: “O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu” (Is 29.13).

Adoração verdadeira é uma questão do coração

Em meio a esse formalismo no culto ao Senhor, Ele conclama Seu povo: “Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo” (v.14).Comprometa-se com Deus! Aí, sim, a maravilhosa e conhecida promessa do Salmo 50 repousará sobre os que adoram a Deus: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás”.

Uma falsa concepção de Deus

Hoje, em muitas igrejas a adoração transformou-se em show, em ativismo piedoso sem ligação com o próprio Senhor.
Deus repreende a trágica rebelião de Seu povo: “Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe” (vv.16-20).

Rebaixamos Deus ao mesmo nível em que nos encontramos. Muitos cristãos, quando exortados por seu comportamento errado, têm pronta a resposta: “Eu acho que estou certo, não vejo problemas com isso”. Mas, ao mesmo tempo em que se defendem, admiram-se que Deus não os ouve, agindo igual a Israel no passado. Deus, porém, não pode ouvi-los! Deixaram de considerar que Deus condicionou Suas promessas a certos requisitos.

“Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo à tua vista” (v.21). Chamamo-nos de cristãos mesmo tendo fabricado um Deus que não corresponde ao Deus da Bíblia, um Deus que espelha nossa própria imaginação e reflete nossos desejos pessoais. Portanto, não devemos nos admirar quando Deus se cala! A causa não está nEle; está em nós. “Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre” (v.22). Apesar de todo o ativismo religioso, Israel esqueceu-se de Deus. Talvez nós também O esquecemos muitas vezes. Por isso, Ele se cala. Assim, não podemos ouvir Sua voz.

A verdadeira adoração está alinhada com a Palavra de Deus

O Salmo 50 também nos apresenta a solução do problema do silêncio divino. Esta se encontra em nos conscientizarmos do que é a verdadeira adoração a Deus, que é um retorno àquilo que está descrito no versículo 23: “O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus”.
As ações de graças que agradam a Deus começam quando direcionamos nossos caminhos a partir da verdade revelada por Ele em Sua Palavra, quando passamos a viver conforme a Bíblia.


As ações de graças que agradam a Deus começam quando direcionamos nossos caminhos a partir da verdade revelada por Ele em Sua Palavra, quando passamos a viver conforme a Bíblia. Adoração verdadeira diz: “Pai, não a minha, mas a Tua vontade seja feita. Eu Te agradeço, independentemente dos caminhos pelos quais Tu me conduzes. Muito obrigado por Teus pensamentos serem pensamentos de paz a meu respeito, mesmo que eu não conheça o caminho por onde me levas. Agradeço por me guiares e por teres garantido me levar ao alvo”.

Três princípios da verdadeira adoração

Mateus 8.1-8 exemplifica uma oração que agrada ao Senhor. Esses versículos relatam dois milagres da graça de Deus: “Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra” (vv.1-3).

“Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (vv.5-8).


Aqui encontramos três princípios da oração legítima. A fé declara: “Senhor, Tu podes!” O temor a Deus complementa: “Se Tu quiseres”. E a humildade acrescenta: “Não sou digno!”

A verdadeira adoração diz “sim” aos caminhos de Deus

Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado.
Quando buscamos o Senhor, não devemos esquecer que, independente da forma com que o Senhor nos responde, o Nome do Senhor deve ser exaltado acima e antes de tudo. Sabemos muito bem que o Senhor faz milagres ainda hoje. Mas Deus nem sempre responde nossas orações da forma que gostaríamos. Essa situação é descrita em Atos 12. Tanto Tiago (vv.1-2) como Pedro (vv.3ss.) estavam na prisão. Os irmãos haviam orado intensamente pelos dois. Ambos sabiam estar sob a proteção e o abrigo do Senhor. Para um deles, Tiago, Deus disse: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). Tiago foi decapitado. Ao outro, Pedro, foi dada a incumbência: “Vá para a vinha, pois a colheita está madura!” E Pedro saiu milagrosamente da prisão para ir trabalhar na seara do Mestre. As duas possibilidades são caminhos de Deus! Será que concordamos sempre quando Deus nos dirige, seja da forma que for?

Deus ouve a adoração verdadeira

Deus quer que oremos. E Ele quer atender nossas orações. Mas isso requer obediência à Sua Palavra e um estilo de vida santificado. Sabendo que Ele escuta e responde, podemos deixar a decisão da resposta com Ele, na certeza de que está sempre certo, independentemente da solução que nos proporcionar. A esse respeito, Deus diz: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11). 


(Samuel Rindlisbacher -http://www.chamada.com.br)


http://www.chamada.com.br/mensagens/adoracao.html

domingo, 21 de agosto de 2011

Jesus, o remédio para uma igreja enferma




Rev. Hernandes Dias Lopes

Alguns estudiosos da Bíblia, dentre as fileiras do Dispensacionalismo, afirmam que as setes igrejas da Ásia Menor são um símbolo dos sete períodos da história da igreja, assim classificados: Éfeso simboliza a igreja apostólica; Esmirna, a igreja dos mártires; Pérgamo, a igreja oficial dos tempos de Constantino; Tiatira, a igreja apóstata da Idade Média; Sardes, a igreja da Reforma; Filadélfia, a igreja das missões modernas e Laodicéia, a igreja contemporânea. Essa classificação, entretanto, não tem qualquer amparo histórico nem qualquer fundamentação bíblica. 


Jesus elogia duas dessas igrejas: Esmirna e Filadélfia, mesmo sendo a primeira pobre e a segunda fraca. Quatro delas recebem elogios e censuras: Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes. A última, Laodicéia, só recebe censuras e nenhum elogio. Algumas lições podemos aprender com essas igrejas: 

1. Jesus conhece profundamente a sua igreja. Jesus está no meio da igreja e anda no meio dela. Para cinco dessas igrejas (Éfeso, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) Jesus disse: “Eu conheço as tuas obras”. Para a igreja de Esmirna Jesus disse: “Eu conheço a tua tribulação” e a para a igreja de Pérgamo, Jesus disse: “Eu conheço o lugar onde habitas, onde está o trono de Satanás”. Jesus conhece as obras da igreja, os sofrimentos da igreja e o lugar onde a igreja está estabelecida. 


2. Jesus não se impressiona com aquilo que impressiona a igreja. O diagnóstico de Jesus difere da nossa avaliação. O que nos impressiona, não impressiona a Jesus. À pobre igreja de Esmirna Jesus disse: “Tu és rica”; mas à rica igreja de Laodicéia Jesus disse: “Tu és pobre”. A riqueza de uma igreja não está na beleza do seu santuário nem na pujança de seu orçamento, mas na vida espiritual de seus membros. À igreja de Sardes que dá nota máxima para sua espiritualidade, julgando-se uma igreja viva, Jesus diz: “Tu estás morta”. À igreja de Filadélfia que tinha pouca força, Jesus diz: “Eu coloquei uma porta aberta diante de ti”.

3. Jesus não se contenta com doutrina sem amor nem com amor sem doutrina. Jesus elogia a igreja de Éfeso por sua fidelidade doutrinária, mas a reprova pelo abandono do seu primeiro amor. A igreja de Éfeso era ortodoxa, mas faltava-lhe piedade. Tinha teologia boa, mas não devoção fervorosa. Por outro lado, Jesus elogia a igreja de Tiatira pelo seu amor, mas a reprova pela sua falta de zelo na doutrina. A igreja tinha obras abundantes, mas estava tolerando o ensino de uma falsa profetisa. Não podemos separar a ortodoxia da piedade nem a doutrina da prática do amor.

4. Jesus sempre se apresenta como solução para os males da igreja. A restauração da igreja não está na busca das novidades do mercado da fé, mas em sua volta para Jesus. Ele é o remédio para uma igreja enferma, o tônico para uma igreja fraca e o caminho para uma igreja transviada. À igreja de Sardes, onde havia morte espiritual, Jesus se apresenta como aquele que tem os sete Espíritos de Deus, para reavivá-la. À igreja de Esmirna que enfrenta a perseguição e o martírio, Jesus se apresenta como aquele que venceu a morte. Jesus é plenamente suficiente para suprir as necessidades da sua igreja, plenamente poderoso para restaurar a sua igreja e plenamente gracioso para galardoar a sua igreja. 

5. Jesus se apresenta à sua igreja para fazer alertas e também promessas. Para todas as igrejas Jesus faz solenes alertas e também generosas promessas. Andar pelos atalhos da desobediência é receber o chicote da disciplina e permanecer no pecado é receber o mais solene juízo. Mas permanecer na verdade é ser vencedor. Arrepender-se e voltar-se para Deus é receber do Filho de Deus as mais gloriosas promessas de bênçãos no tempo e na eternidade, na terra e no céu!

Fonte: Boletim nº 138 - Enviado por e-mail

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Evangelho e a Mordomia

Donald Whitney


Don Whitney é professor de Espiritualidade Bíblica e Deão Associado do Southern Baptist Theological Seminary de Louiville; Don obteve seu doutorado em ministério pelo Trinity Evangelical Divinity School e está completando seu segundo doutorado na área de Espiritualidade Cristã, pela universidade da África do Sul. É autor de vários livros e artigos e serve como professor convidado e preletor em seminários e conferências. É casado com Caffy e o casal tem uma filha, Christine. Don mantém uma página na internet: www.BiblicalSpirituality.org.


Mordomia é o cuidado e a administração daquilo que pertence a outro. Embora sempre falemos sobre as coisas como "nossas", a realidade é que tudo que temos e tudo que somos pertence a outro – a Deus. Como disse o apóstolo Paulo: "Que tens tu que não tenhas recebido?" (1 Co 4.7). Portanto, foi de Deus que recebemosnossa vida e o tudo que há nela; e somos responsáveis por isso. 

Temporariamente – ou seja, até que Deus os exija de nós – somos mordomos desses dons.

Embora a mordomia seja frequentemente associada ao dinheiro, ela tem sido descrita memoravelmente como que incluindo o nosso tempo, talentos e riqueza. Mas a mordomia não diz respeito apenas a sermos bons administradores de nossa agenda, nossas habilidades e nossas coisas. A disciplina da mordomia bíblica nos chama a usar todas essas coisas da maneira como o Senhor quer, a empregá-las para a sua glória. No entanto, ninguém pode ser um mordomo no sentido bíblico se, antes disso, não entende o evangelho – a história do que Deus realizou por meio da vida e da morte de Jesus Cristo.

O evangelho cria mordomos

O evangelho é infinitamente mais do que um ingresso para o céu. É uma mensagem que muda não somente o destino da pessoa na eternidade, mas também seu coração e sua mente aqui e agora. O evangelho transforma mais do que o relacionamento de uma pessoa com Deus; também transforma o relacionamento de uma pessoa com todas as outras coisas.

Essa é a razão por que as evidências mais confiáveis de que uma pessoa se converteu é que ela começa a buscar maneiras de usar seu tempo, talentos e dinheiro no serviço do evangelho. Quando uma pessoa começa a usar diligentemente seus recursos para servir e propagar o evangelho, isso é um testemunho do valor que ela coloca no evangelho e do fato de que ela valoriza o Deus do evangelho acima de todas as coisas.

O pecado nos torna egoístas e desperdiçadores de tudo que temos e tudo que somos. Mas "a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Coríntios 4.4) nos ajuda a perceber que conhecer a Deus é infinitamente mais importante e mais valioso do que guardar o tempo e o dinheiro para nós mesmos. O evangelho nos faz achar prazer espiritual em usar essas coisas para atender às necessidades de outros e capacitá-los a ouvir o evangelho e a voltarem-se para Cristo. Chegar a conhecer a Cristo por meio do evangelho nos leva, por um lado, a avaliar nossos recursos e, por outro lado, a avaliar a alma das pessoas. Leva-nos também a dizer com o apóstolo Paulo: "Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma" (2 Co 12.15).

Mordomos precisam de disciplina

A disciplina para administrar nossos recursos de maneira intencional, norteada pelo evangelho e que glorifica a Deus não vem plenamente formada com a habitação do Espírito Santo – tem de ser cultivada. A mordomia tem de ser uma disciplina, pois sempre há algo mais clamando por nossos recursos. Sem disciplina, as melhores intenções de usarmos nosso tempo, talentos e dinheiro para o evangelho serão vencidas pelas circunstâncias e pelas emoções do momento, resultando em incoerência ou, pior, em negligência no uso mais eficiente de nossos recursos para o evangelho.

Em um sentido, a disciplina da mordomia é central a todas as outras disciplinas espirituais. Se não desenvolvermos um uso teocêntrico de nosso tempo, por exemplo, não nos engajaremos coerentemente nas disciplinas pessoais, como a oração ou o alimentar-nos da Palavra de Deus, nem participaremos com fidelidade das disciplinas espirituais interpessoais, como a adoração ou a comunhão coletiva.

Uma das passagens clássicas sobre mordomia é a parábola de Jesus a respeito dos talentos (Mt 25.14-30; Lc 19.12-17). Nessa parábola, o senhor recompensou aqueles que administraram bem os recursos que entregara ao cuidado deles e puniu aquele que não fez isso. Embora haja mais coisas que poderíamos aplicar dessa parábola, um fato evidente é que aqueles que foram considerados mordomos fiéis foram intencionais – disciplinados – em usar para seu senhor os recursos que ele lhes confiara temporariamente. Deus tem prazer na mordomia exercida com disciplina – e não com negligência – daquilo que lhe pertence.

O que é essa mordomia exercida com disciplina? É usarmos os nossos dons espirituais para servir a Deus em nossa igreja local. É designar uma parte de nosso dinheiro para a igreja cada mês, antes de pagarmos outras contas, para que o uso de nossos recursos seja coerente com as prioridades que mais valorizamos.

A disciplina entra no âmbito da mordomia porque é tão fácil desperdiçarmos nosso tempo, dissiparmos nossos talentos e sermos negligentes no uso de nosso dinheiro. No entanto, até o uso mais escrupuloso de nossos recursos é indigno sem o evangelho, pois é somente por meio do evangelho que recebemos tempo eterno no céu, talentos glorificados e o mais rico dos tesouros – Deus mesmo.

Fonte: Editora Fiel

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A importância das conexões na comunicação do evangelho


Rev. Hernandes Dias Lopes

Jesus foi o maior de todos os mestres. Seus discípulos o chamaram de mestre. Ele mesmo se apresentou como mestre e até seus inimigos reconheceram que ele era mestre. Jesus foi o maior de todos os mestres por causa da variedade de seus métodos e por causa da sublimidade de sua doutrina. Jesus não foi um alfaiate do efêmero, mas um escultor do eterno. Sendo o Mestre dos mestres, o maior comunicador de todos os tempos, Jesus usou com perícia invulgar importantes conexões em sua comunicação. Quero ilustrar esse fato incontroverso com suas cartas endereçadas às igrejas da Ásia Menor. Visitando as ruínas dessas históricas cidades recentemente, pude constatar de forma inequívoca essas conexões usadas por Jesus. Vejamos, por exemplo a carta enviada à igreja de Laodicéia.

1. Jesus usou a conexão geográfica. Laodicéia era uma rica cidade situada no Vale do Lico, uma fértil região, entre as cidades de Hierápolis e Colossos. Hierápolis é uma fonte termal, de onde jorram águas quentes do topo de uma montanha branca, chamada castelo de algodão. Essas águas quentes eram terapêuticas. Em Colossos, do outro lado do vale, ficavam as fontes de águas frias, também terapêuticas. Porém, Laodicéia não tinha fontes de águas. Suas águas vinham por meio de dutos desde as montanhas e chegavam à cidade mornas e sem qualquer efeito terapêutico. Jesus usa essa conexão geográfica para dirigir-se à igreja, dizendo-lhe: “Conheço as tuas obras, que nem és quente nem frio. Quem dera fosses frio ou quente. Assim, porque és morno nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

2. Jesus usou a conexão econômica. Das três cidades do Vale do Lico, Laodicéia era a mais rica. Era um poderoso centro comercial. O comércio de ouro vindo de Sardes era famoso. A cidade era um dos maiores centros bancários da Ásia Menor. A igreja longe de influenciar a cidade, foi por ela influenciada. Ao olhar-se no espelho, julgou-se rica e abastada. Jesus, porém, repreende a igreja afirmando que ela era pobre e miserável e deveria comprar ouro puro para se enriquecer. Conforme o ensino de Jesus a riqueza material não é sinônimo de prosperidade espiritual.

3. Jesus usou a conexão industrial. Laodicéia era famosa pela indústria têxtil. A lã de cor escura, fabricada em Laodicéia, era famosa em toda a Ásia Menor. A cidade tinha orgulho de sua indústria têxtil. Jesus usa esse gancho para exortar a igreja, ordenando-lhe a comprar vestes brancas para se vestir, a fim de que sua vergonha não fosse manifesta.

4. Jesus usou a conexão científica. Laodicéia era o maior centro oftalmológico do Império Romano. Naquela cidade asiática fabricava-se o pó frígio, um remédio quase milagroso na cura das doenças dos olhos. Pessoas de todos os cantos do mundo viajavam para essa próspera cidade em busca de tratamento. Na cidade mais importante do mundo no tratamento de doenças dos olhos, havia uma grande cegueira espiritual, que estava atingindo a própria igreja. Então, Jesus exorta a igreja a comprar colírio para ungir os seus olhos, a fim de ver com clareza as realidades espirituais.

A mensagem do evangelho é imutável. Ela atravessa os séculos e não sofre variação. Porém, precisamos conhecer a geografia, a história e a cultura da cidade onde estamos inseridos, para fazermos conexões oportunas e pertinentes na comunicação do evangelho. Precisamos ler o texto e o contexto; precisamos interpretar a palavra e o povo. John Stott, um dos maiores expositores bíblicos de todos os tempos, falecido no dia 27 de julho de 2011, disse acertadamente que o sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. Que Deus nos ajude a abrir os olhos espirituais para fazermos as conexões necessárias, a fim de comunicarmos com mais eficácia a mensagem gloriosa do evangelho.

Fonte Boletim nº 137
Recebido por e-mail

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Watchman Nee - Um pastor que por amor a Cristo passou vinte e cinco anos na prisão na China comunista.


"É nossa responsabilidade que Deus nos dê luz para podermos reconhecer a poderosa mão do Espírito Santo e disposição de nos submetermos a ela, reconhecendo que tudo o que Ele faz é certo."

Assim escreveu Watchman Nee, um pastor que por amor a Cristo passou vinte e cinco anos na prisão na China comunista.

Nee converteu-se a Cristo aos 18 anos de idade quando era aluno da Faculdade Trinity em Fu Tchow. Deixou para trás todas as esperanças de uma formação universitária, dedicando-se de corpo e alma ao estudo da Bíblia e ao evangelismo.

Descontente com as igrejas denominacionais, Nee construiu uma igreja com menos formalidades. A congregação de Nee em Xangai logo cresceu, obrigando-o a realizar algumas mudanças - ele dividiu a igreja em 15 grupos familiares. Apelidado de "Pequeno Rebanho", cada grupo familiar, centrado no evangelismo, consistia de até 200 membros. Nos anos 40 havia 470 grupos afiliados à igreja de Xangai.

Em 1941, com a ocupação de Xangai pelos japoneses, foram impostas restrições sobre os membros da igreja e as finanças foram reduzidas antecipando o que ainda estava por vir. Nee e seu irmão estabeleceram uma empresa farmacêutica para ajudar a complementar as necessidades financeiras da igreja.

Em 1949 o Partido Comunista derrubou o governo nacionalista e proclamou a República Popular da China. No começo, a igreja ficou esperançosa com o novo governo, mas após dois anos a situação começou a mudar quando os comunistas revelaram os seus planos de controlar a igreja.

Através de seu Movimento da Reforma da Tripla Autonomia, o governo visava tornar a igreja auto-governada, auto-sustentada e auto-propagada. Ela foi colocada sob a autoridade da Agência de Assuntos Religiosos, a qual pressionou a igreja a persuadir os missionários a deixarem a China, expurgando do país os "imperialistas'.

Durante esse tempo, os grupos familiares resistiram bravamente a se unir à Igreja Cristã Nacional (sob o controle do governo comunista), considerada como uma organização fantoche. Milhares dos seus membros foram mortos ou feitos prisioneiros. Freqüentemente infiltrada por informantes comunistas, as igrejas eram forçadas a realizar reuniões para encorajar a auto-crítica e a reforma. Os pastores foram acusados de capachos dos estrangeiros e Nee logo foi acusado de liderar um grande sistema secreto que distribuía veneno anti-revolucionário.

Em 1952 Nee foi preso e submetido a quatro anos de "reeducação". Em 1956 ele outros da membros da igreja foram a condenados a quinze anos de prisão na Primeira Prisão Municipal de Xangai. Ele deveria ter sido posto em liberdade em 1967, durante a Revolução Cultural, mas teve a sentença ampliada, e o governo deu início a outro ataque furioso contra a igreja. Os cultos foram interrompidos e todos os edifícios religiosos deveria ser "secularizados". Os comunistas prometeram libertar Nee se ele concordasse em não voltar a pregar. Nee não aceitou e foi transferido para outra prisão onde acabou morrendo.

Nee foi um líder cristão extraordinário, cuja visão de uma igreja nacional na China preparou os crentes para a perseguição sob o comunismo. Seus escritos foram traduzidos em vários idiomas, inclusive o português, e estão sendo impressos até hoje. Muitos desses escritos refletem a importância do quebrantamento na vida do cristão – um estado do coração que Nee compreendeu além da palavra escrita: "A menos que sejamos tratados e quebrantados por meio da disciplina, estaremos restringindo Deus. Sem o quebrantamento do homem exterior, a igreja não pode ser um canal de Deus."


Fonte: Adaptado de 70 Great Christians (70 Grandes Cristãos) de Geoffrey Hanks. Citações de A Liberação do Espírito de Watchman Nee.


Fonte: Clube da Santidade
http://clube-de-santidade.blogspot.com/2011/08/watchman-nee-um-pastor-que-por-amor.html

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Doze Razões Por Que Ser Membro de Igreja é Importante

Doze Razões Por Que Ser Membro de Igreja é Importante 

Jonathan Lememan

1 – É bíblico. Jesus estabeleceu a igreja local, e todos os apóstolos realizaram seu ministério por meio dela. A vida cristã no Novo Testamento é uma vida de igreja. Hoje os cristãos devem esperar e desejar o mesmo.

2 – A igreja é seus membros. No Novo Testamento, ser uma “igreja” é ser uma de seus membros (leia Atos dos Apóstolos). E você quer ser parte da igreja porque foi ela que Jesus veio buscar e reconciliar consigo mesmo.

3 – Ser membro da igreja é um pré-requisito para a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor é uma refeição para a igreja reunida, ou seja, para os membros (veja 1 Co 11.20, 33). E você quer participar da Ceia do Senhor. O ser membro de igreja é a “camisa” que torna o time da igreja visível ao mundo.

4 – É a maneira de representar oficialmente a Cristo. Ser membro de igreja é a afirmação da igreja a respeito do fato de que você é um cidadão do reino de Cristo e, por isso, um representante autorizado de Jesus diante das nações. E você quer ser um representante oficial de Jesus. Intimamente relacionado a isto…

5 – É a maneira como o crente declara sua mais elevada lealdade. O fato de que você pertence ao time que se torna visível quando você veste a “camisa” é um testemunho público de que sua mais elevada lealdade pertence a Jesus. Provações e perseguição podem surgir, mas suas únicas palavras são: “Pertenço a Jesus”.

6 – É a maneira de incorporar e experimentar figuras bíblicas. É na  estrutura de prestação de contas da igreja local que os cristãos vivenciam ou incorporam o que significa ser o “corpo de Cristo” , o “templo do Espírito”, a “família de Deus” e todas as outras metáforas bíblicas (veja 1 Co 12). E você quer experimentar a interconectividade do corpo de Cristo, a plenitude espiritual de seu templo, a segurança, a intimidade e a identidade comum da família de Deus.

7 – É a maneira de servir aos outros cristãos. Ser membro de igreja ajuda você a saber por quais cristãos, no planeta Terra, você é especificamente responsável para amar, servir, confortar e encorajar. Ser membro de igreja capacita você a cumprir suas responsabilidades bíblicas para com o corpo de Cristo (por exemplo, veja Ef 4.11-16; 25-32).

8 – É o meio de seguir os líderes cristãos. Ser membro de igreja ajuda-o a saber que líderes cristãos, no planeta Terra, você é chamado a seguir e obedecer. Também lhe permite cumprir sua responsabilidade bíblica para com eles (veja Hb 13.7, 17).

9 – Ser membro de igreja ajuda os líderes cristãos a liderar. Permite que eles saibam quais são, no planeta Terra, os cristãos pelos quais eles “hão de prestar contas” (At 20.28; 1 Pe 5.2).

10 – Ser membro de igreja capacita a disciplina eclesiástica. Dá a você o lugar prescrito biblicamente em que deve participar na obra de disciplina eclesiástica, de maneira responsável, sábia e amorosa (1 Co 5).

11 – Provê a estrutura para a vida cristã. Coloca a afirmação individual do cristão de “obedecer” e “seguir” a Jesus em um ambiente de vida real, no qual autoridade é realmente exercida sobre nós (veja Jo 14.15; 1 Jo 2.19; 4.20-21).

12 – Edifica um testemunho e convida as nações. Ser membro de igreja coloca o governo de Cristo em exibição para o mundo que nos observa (veja Mt 5.13; Jo 13.34-35; Ef 3.10; 1 Pe 2.9-12). Os próprios limites que são traçados ao redor do ser membro de igreja produz uma sociedade de pessoas que convida as nações a algo melhor.

Este artigo foi extraído do livro Church Membership: How the World Knows Who Represents Jesus, de Jonathan Leeman.

Fonte: Blog Fiel