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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Deus, a Igreja é o Israel Verdadeiro?



Keith Mathison
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Muitos crêem que as características doutrinárias definidoras do dispensacionalismo é sua escatologia singular. Certamente é a escatologia que ganha a maior atenção. Contudo, na realidade, a doutrina que define o dispensacionalismo, o seu sine qua non, é sua doutrina da igreja. O dogma fundamental é que a Igreja não é Israel. Essa declaração quer dizer várias coisas, mas a mais importante é o ensino dispensacionalista que a igreja, ou corpo de Cristo, consiste somente daqueles crentes salvos entre o Pentecoste e o Arrebatamento. Os santos do Antigo Testamento não são parte da Igreja, o corpo de Cristo. 

Parte da dificuldade em avaliar a distinção dispensacionalisata entre Israel e a Igreja é a falta de definições precisas na literatura dispensacionalista. Tanto “Israel” como “Igreja” são usados numa variedade de sentidos por todo o Novo Testamento, e dizer simplesmente que a Igreja não é Israel é uma simplificação grosseira. Obviamente, se queremos dizer por “Israel” o Estado político de Israel ou os judeus incrédulos, então a Igreja não é Israel. Mas visto que dentro da nação incrédula de Israel sempre houve um remanescente, um “Israel verdadeiro”, não é correto fazer uma declaração geral abrangente divorciando Israel da Igreja em todo sentido das palavras.

No Antigo Testamento, a nação incrédula tinha um remanescente de crentes nela. Esse Israel verdadeiro, que incluía homens tais como Davi e Daniel, eram aqueles que não eram circuncidados apenas na carne, mas também no espírito. Quando Cristo veio, vemos a distinção entre o Israel nacional e incrédulo e o Israel verdadeiro. Os escribas e fariseus eram geralmente parte do Israel nacional incrédulo. Os apóstolos eram parte do Israel verdadeiro. Em Pentecoste, quando quase todos concordam que um novo estágio na história redentora começou, o Israel verdadeiro, o remanescente do Israel nacional, era a igreja. Nas décadas e séculos vindouros, os gentios começaram a ser adicionados a esse Israel verdadeiro – a igreja, mas isso não mudou o fato que existia e existe uma continuidade entre o Israel do Antigo Testamento e a igreja do Novo Testamento. A Igreja não é o Israel nacional ou incrédulo. Mas a Igreja é o Israel verdadeiro, o remanescente do Israel nacional. Existem vários lugares na Escritura onde essa verdade é claramente ensinada. Aqui nos focaremos brevemente em três.

Romanos 11:11-24 ensina claramente a unidade dos crentes de todas as eras. A ilustração da oliveira nesta passagem é uma das seções melhores  conhecidas do livro de Romanos, mas seu significado nem sempre tem sido claro, especialmente para aqueles que separariam os crentes do Novo e do Antigo Testamento em corpos distintos. Existem quatro pontos principais neste texto da Escritura que são relevantes para o nosso tópico:

1. A oliveira cultivada é o Israel natural.
2. Os ramos naturais que foram cortados são os judeus incrédulos.
3. Os ramos bons que permanecem são os judeus crentes.
4. Os ramos bravos que são enxertados na oliveira boa são os gentios crentes.

A coisa mais importante a ser observada aqui é que existe apenas uma oliveira boa. No Antigo Testamento ela tinha contido tanto judeus incrédulos quanto crentes. Mas quando Cristo veio, os judeus incrédulos foram cortados, deixando apenas os judeus crentes. Crentes gentios estavam então, e ainda estão agora sendo enxertados nessa oliveira boa – o remanescente crente – o Israel verdadeiro. Fosse verdade o dispensacionalismo, a ilustração não faria sentido. Paulo não diz que Deus plantou uma oliveira completamente nova, na qual ele agora enxerta judeus e gentios crentes. Não, os judeus crentes continuaram ali onde estavam em sua relação pactual com Deus. Deus trouxe os crentes gentios para essa relação pactual já existente. O remanescente crente de Israel, o Israel verdadeiro, e a Igreja do Novo Testamento são um e o mesmo corpo de crentes. Esses crentes judeus e gentios são a oliveira boa.

Efésios 2:11-19 é uma passagem da Escritura que também tem importância especial para o nosso estudo. Neste texto, Paulo compara o estado anterior dos gentios em Cristo ao seu estado anterior à parte de Cristo. No versículo 12, Paulo lista cinco coisas que eram verdadeiras deles antes de se tornarem cristãos. Os crentes gentios estavam anteriormente:

1. Separados de Cristo.
2. Excluídos da comunidade de Israel.
3. Estranhos aos pactos da promessa.
4. Sem esperança.
5. Sem Deus no mundo.

Todas essas cinco coisas são mencionadas no tempo passado. Em outras palavras, todas as cinco eram verdadeiras dos gentios antes de sua fé em Cristo, e todas as cinco não mais eram verdade agora que os gentios tinham fé em Cristo. O que isso significa é que os crentes gentios estão agora:

1. Em Cristo.
2. Incluídos na comunidade de Israel.
3. Herdeiros dos pactos da promessa.
4. Com Esperança.
5. Com Deus no mundo.

De acordo com Paulo, todas essas coisas são agora verdade para os gentios crentes em Cristo.

Gálatas 3:16, 29 enfatiza a herança dos gentios nas promessas abraâmicas. Aprendemos nesses versículos que:

1. As promessas abraâmicas foram feitas a Abraão e sua semente
(v. 16).
2. Sua Semente é Cristo (v. 16).
3. Sua semente é também todos que pertencem a Cristo (v. 29).
4. Portanto, as promessas abraâmicas pertencem a Cristo e a
todos os que são seus (v. 29).

De acordo com Paulo, as promessas abraâmicas pertencem a todos que estão em Cristo e somente àqueles em Cristo. Visto que ele é o verdadeiro herdeiro, a verdadeira Semente, ninguém pode herdar as promessas à parte de Cristo. À parte da união com Cristo, nenhum judeu ou gentio tem qualquer reivindicação às promessas abraâmicas.

A distinção dispensacionalista entre dois povos de Deus é biblicamente indefensável. Todos os que são salvos estão em Cristo, e somente aqueles que estão em Cristo são salvos. Não existe outra forma de salvação à parte da união com Cristo no único corpo de Cristo, a igreja – o verdadeiro Israel de Deus.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Autoridade Decrescente de Cristo nas Igrejas



A W Tozer (1897-1963)

[Este artigo foi publicado pela primeira vez no "The Alliance Witness" a 15 de maio de1963, apenas dois dias após a morte do Dr. Tozer. Ele foi, de certa forma, o seu discurso de despedida, pois expressava a preocupação que ia em seu íntimo.]

Este é o fardo em meu coração e embora não reivindique para mim mesmo qualquer inspiração especial, sinto porém que este é também o fardo do Espírito. Se conheço meu próprio coração é apenas o amor que me leva a escrever isto. O que deixo aqui por escrito não é o fermento ácido de alguém agitado por contendas com companheiros cristãos. Não houve conflitos. Não fui abusado, maltratado ou atacado por ninguém. Essas observações também não são fruto de experiências desagradáveis que tenha lido em minha associação com outros. Minha convivência com a igreja que frequento assim como cristãos de outras denominações sempre foram amigáveis, corteses e satisfatórias. Minha tristeza resulta simplesmente de uma condição que acredito achar-se quase universalmente presente nas igrejas. Penso que devo também reconhecer que eu também me encontro bastante envolvido na situação que deploro aqui. Como Esdras em sua poderosa oração intercessória incluiu-se entre os malfeitores, faço o mesmo. "Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus: porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até os céus" (Ed 9:13). Qualquer crítica feita aqui a outros deve voltar-se contra mim. Eu também sou culpado. Isto está sendo escrito na esperança de que possamos todos voltar-nos para o Senhor nosso Deus e não pecar mais contra Ele. Permita que declare a causa do meu fardo:

Jesus Cristo não tem hoje quase nenhuma autoridade entre os grupos que se chamam pelo seu nome.

Não estou me referindo aqui aos católico-romanos, nem aos liberais, nem sequer aos cultos quase-cristãos. Refiro-me às igrejas protestantes em geral e incluo aquelas que protestam mais alto que não se acham num declive espiritual, afastando-se de nosso Senhor e seus apóstolos, a saber, os "evangélicos". Trata-se de uma doutrina básica do Novo Testamento que após a sua ressurreição o  Homem Jesus foi declarado por Deus como sendo Senhor e Cristo, e que Ele foi investido pelo Pai com absoluta soberania sobre a igreja que é o seu Corpo. Ele possui toda a autoridade no céu e na terra. Na hora oportuna Ele irá exercê-la plenamente, mas durante este período na história Ele permite que esta autoridade seja desafiada ou ignorada. E justamente agora ela está sendo desafiada pelo mundo e ignorada pela igreja. A posição atual de Cristo nas igrejas evangélicas pode ser comparada à de um rei numa monarquia limitada, constitucional. O rei (algumas vezes despersonalizado pelo termo "a Coroa") não passa em tal país de um símbolo agradável de unidade e lealdade, tal como uma bandeira ou hino nacional. Ele é louvado, festejado e sustentado, mas sua autoridade como rei é insignificante. De maneira nominal lidera a todos, mas nas horas de crise alguém mais toma as decisões. Nas ocasiões solenes aparece em suas roupagens reais a fim de pronunciar o discurso insípido, incolor, colocado em seus lábios pelos verdadeiros senhores do país. Toda a situação pode não passar de um faz-de-conta inócuo, mas tem suas raízes no passado e ninguém quer desistir dele. Entre as igrejas evangélicas, Cristo não passa hoje de um Simples símbolo, muito amado."Todos Louvem o Poder do Nome de Jesus" é o hino nacional da igreja e a cruz sua bandeira oficial. Mas nos serviços semanais da igreja e na conduta diária de seus membros, alguém mais, e não Cristo, toma as decisões. Nas ocasiões adequadas, permite-se que Cristo diga: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados" ou "Não se turbe o vosso coração", mas no momento em que termina o sermão alguém toma a dianteira. Os que têm autoridade decidem quais devem ser os padrões morais da igreja, assim como todos os objetivos e métodos empregados para alcançá-los. Devido a uma organização longa e meticulosa, o jovem pastor recém-saído do seminário exerce hoje muitas vezes mais autoridade sobre a igreja do que Jesus Cristo. Cristo não só tem agora menos ou nenhuma autoridade, Ele também está perdendo cada vez mais a sua influência. Não diria que ela é inexistente, mas sim que é pequena e está diminuindo. Uma comparação justa seria com a influência de Abraão Lincoln sobre o povo norte-americano. O honesto Abe continua sendo o ídolo do país. Seu rosto bondoso, austero, tão comum que chega a ser belo, aparece em toda parte. É fácil sentir os olhos cheios de lágrimas quando pensamos nele. As crianças crescem aprendendo histórias a respeito do seu amor, honestidade e humildade. Mas depois de termos controlado nossas emoções, o que nos resta? Nada mais que um bom exemplo, o qual, à medida que retrocede no passado se torna cada vez mais irreal e exerce uma influência cada vez menor. Qualquer patife está disposto a vestir o casaco de Lincoln, preto e comprido. A luz fria dos fatos políticos nos Estados Unidos, o constante apelo a Lincoln por parte dos políticos não passa de uma piada cínica.

A soberania de Jesus não está de todo esquecida entre os cristãos. mas foi relegada ao hinário, onde toda responsabilidade em relação a ela pode ser confortavelmente descarregada num brilho de agradável emoção religiosa. No caso de ser ensinada como uma teoria na sala de aula, ela é raramente aplicada na vida diária. A ideia de que o Homem Cristo Jesus possui autoridade final e absoluta sobre toda a igreja e todos os seus membros em cada detalhe de suas vidas é simplesmente posta de lado hoje como não sendo verdadeira pelos cristãos evangélicos de modo geral. O que fazemos é o seguinte: aceitamos o cristianismo de nosso grupo como sendo idêntico ao de Cristo e seus apóstolos. As crenças, práticas, ética e atividades de nosso grupo são equacionadas com o cristianismo do Novo Testamento. O que quer que o grupo pense diga ou faça é bíblico, sem que façam perguntas. Presume-se que tudo que o Senhor nos pede é para ocupar-nos com todas as atividades do grupo; e, agindo assim, estamos cumprindo os mandamentos de Cristo. No sentido de evitar a dura necessidade de obedecer ou rejeitar as claras instruções do Senhor no Novo Testamento, nos refugiamos na interpretação liberal das mesmas. A casuística não e propriedade exclusiva dos teólogos católico-romanos. Os evangélicos também sabem perfeitamente fugir das arestas aguçadas da obediência por meio de explicações sutis e complexas. Estas são feitas sob medida para a carne. Eles desculpam a desobediência, acomodam a carnalidade e neutralizam as palavras de Cristo. A essência de tudo é simplesmente que Cristo não poderia ter pretendido dizer o que disse. Seus ensinos, mesmo em teoria, são aceitos apenas depois de terem sido diluídos pela interpretação. Cristo é porém consultado por um número cada vez maior de pessoas com "problemas" e buscado pelos que desejam paz de mente. Ele é largamente recomendado como uma espécie de psiquiatra espiritual com poderes notáveis para esclarecer os que estão confusos. Jesus é capaz de livrá-los de seus complexos de culpa e ajudá-los a evitar graves traumas psíquicos através de um ajuste suave e fácil à sociedade e a seu próprio id.

Este Cristo estranho não tem naturalmente qualquer ligação com o Cristo do Novo Testamento. O verdadeiro Cristo é também Senhor, mas este Cristo tolerante não passa de um servo do povo um pouco mais graduado. Suponho, todavia, que devo oferecer alguma prova concreta para apoiar minha acusação de que Cristo tem pouca ou nenhuma autoridade hoje entre as igrejas. Vou fazer então algumas perguntas e a resposta às mesmas será a evidência. Qual a diretoria da igreja que consulta as palavras do Senhor para decidir os assuntos em discussão? Quem estiver lendo isto e que já tenha feito parte de um quadro diretor, procure lembrar-se das vezes em que qualquer membro lesse as Escrituras para estabelecer um ponto, ou que qualquer presidente da reunião sugerisse aos irmãos que procurassem as instruções que o Senhor poderia dar-lhes num determinado assunto. As reuniões administrativas são geralmente iniciadas com uma oração formal; depois disso o Cabeça da Igreja fica respeitosamente em silêncio enquanto os verdadeiros governantes passam a agir. Quem quiser negar isto apresente evidência em contrário. Ficarei muito contente se isso acontecer. Que comitê da Escola Dominica pesquisa a Escritura pedindo orientação? Não é verdade que os membros invariavelmente julgam que sabem tudo o que precisam fazer e que o único problema é descobrir meios eficazes para pôr seu plano em prática? Planos, regras, "operações" e novas técnicas metodológicas absorvem todo o seu tempo e atenção. A oração antes da reunião é no sentido de pedir ajuda divina para seus planos. A ideia de que o Senhor possa ter algumas instruções para dar-lhes nem sequer lhes cruza a mente. Quem se lembra de um presidente de assembléia ter levado a Bíblia para a mesa com ele a fim de realmente usá-la? Minutas, regulamentos, regras da ordem, etc., sim. Os mandamentos sagrados do Senhor, não. Existe uma absoluta diferença entre o período devocional e a sessão de negócios. O primeiro não tem relação alguma com o segundo. Qual a entidade missionária no estrangeiro que realmente busca seguir a orientação do Senhor como provida pela sua Palavra e seu Espírito? Todas pensam que fazem isso, mas na verdade apenas presumem que seus objetivos são bíblicos e pedem a seguir auxílio para alcançá-los. Podem até mesmo orar a noite inteira a Deus, a fim de que seus empreendimentos tenham êxito, mas Cristo é desejado como ajudante e não como Senhor. Os recursos humanos são projetados para alcançar fins tidos como divinos, A seguir estes se transformam em regras fixas e daí por diante o Senhor não tem sequer o direito de votar a favor ou contra. Na organização do culto público onde se acha a autoridade de Cristo? A verdade é que o Senhor raramente controla um serviço hoje em dia, e sua influência é bem insignificante. Cantamos a respeito dEle e pregamos sobre Ele, mas não permitimos que Ele interfira; adoramos à nossa moda, e esta deve estar certa porque sempre fizemos isso. como as outras igrejas em nosso grupo. Qual o cristão que vai diretamente ao Sermão do Monte ou outra passagem do Novo Testamento para obter uma resposta com autoridade ao enfrentar um problema moral? Quem aceita as palavras de Cristo como finais com relação à coleta, controle da natalidade, criação dos filhos, hábitos pessoais, dízimo, diversões, vendas, compras, e outros assuntos importantes? Qual a escola de teologia, a partir do instituto bíblico mais humilde, que continuaria a funcionar se fizesse Cristo Senhor de todos os seus regulamentos? Pode ser que haja alguma, e oro nesse sentido, mas creio estar certo quando digo que a maioria das escolas a fim de poderem manter-se são forçadas a adotar procedimentos que não encontram justificativa na Bíblia que professam ensinar. Vemo-nos então diante de uma estranha anomalia: a autoridade de Cristo é ignorada a fim de manter uma entidade que ensina entre outras coisas a autoridade de Cristo. As causas que produziram o declínio da autoridade do Senhor são várias. Vou citar apenas duas. Uma delas é o poder do costume, precedente e tradição nos grupos religiosos mais antigos. Como a lei da gravitação, essas coisas afetam cada elemento da prática religiosa dentro do grupo, exercendo uma pressão firme e constante em uma direção. Essa direção como é natural, é a da conformidade com o estado de coisas, o "status quo". O costume e não Cristo é senhor nesta situação. E a mesma condição foi transmitida (talvez num grau um pouco menor) a outras igrejas, tais como os tabernáculos, as "holiness churches". as igrejas pentecostais e fundamentalistas e as muitas igrejas independentes e não-denominacionais que se vêem por toda parte. A segunda causa é o reavivamento do intelectualismo entre os "evangelicais". Se posso julgar corretamente a situação, não se trata tanto de sede de aprender como do desejo de adquirir uma reputação de intelectual. Por causa disso, homens bons que deveriam ter-se apercebido da situação, estão sendo usados para colaborar com o inimigo. Vou explicar. Nossa fé evangélica (que acredito ser a verdadeira fé possuída por Cristo e seus apóstolos) está sendo hoje atacada de muitas direções diferentes. No mundo ocidental o inimigo repudiou a violência, ele não vem a nós com a espada e o porrete; vem agora sorrindo, trazendo presentes. Eleva os olhos para o céu e jura que crê também na fé possuída por nossos pais, mas seu verdadeiro propósito é destruir essa fé, ou pelo menos modificá-la até o ponto de não mais conter o elemento sobrenatural que antes continha. Ele vem em nome da filosofia, psicologia ou antropologia, e com uma atitude mansa e razoável insiste em que repensemos a nossa posição histórica, que sejamos menos rígidos, mais tolerantes, mais compreensivos. Ele fala no jargão sagrado das escolas e muitos de nossos evangélicos semi-educados correm para render-lhe culto. Ele atira diplomas acadêmicos aos filhos dos profetas, como Rockefeller fazia com os filhos dos camponeses. Os "evangélicos" que foram acusados, mais ou menos justamente, de não possuírem uma escolaridade de nível superior, agora procuram agarrar esses símbolos de posição com os olhos brilhando, e quando os obtêm mal conseguem crer na sua boa sorte. Para o verdadeiro cristão, o teste supremo de tudo quanto se refere à religião é o lugar que o Senhor ocupa. Ele é Senhor ou símbolo? Acha-se no controle do projeto ou não passa de um simples ajudante? Decide as coisas ou apenas colabora na execução dos planos de outros? Todas as atividades religiosas, desde o ato mais simples de um único cristão até as obras cansativas e dispendiosas de toda uma denominação, podem ser testadas de acordo com a resposta dada à pergunta: Jesus Cristo é Senhor neste ato? O fato de nossas obras provarem ser de madeira, palha e mato em lugar de ouro, prata e pedras preciosas naquele grande dia, vai depender da resposta certa a essa pergunta. Que fazer então? Cada um de nós deve decidir, e existem três escolhas possíveis. Uma delas é indignar-se e acusar-me de uma atitude irresponsável. Outra é concordar de maneira geral com o que escrevi, mas consolar-se com a ideia de que existem exceções e estamos entre estas. A terceira é prostrar-se humildemente e confessar que entristecemos o Espírito e desonramos o Senhor, deixando de dar-lhe a posição que o Pai lhe conferiu como Cabeça e Senhor da Igreja. A primeira e a segunda não farão senão confirmar o erro. Mas a terceira, se levada até a sua execução final, poderá remover a maldição. A decisão é nossa.

Colaborou: Alexandre rodrigues, por e-mail