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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Por que a evangelização é imperativa?




Rev. Hernandes Dias Lopes


A evangelização não é uma opção, mas um mandamento. A grande comissão foi repetida em todos os Evangelhos e também no livro de Atos. Todos aqueles que foram alcançados pelo evangelho são enviados a compartilhar o evangelho. A evangelização não deve ser apenas um programa da igreja, mas um estilo de vida de todos os crentes. Vamos, agora, analisar algumas razões pelas quais a igreja deve estar engajada na evangelização. 


Em primeiro lugar, porque o homem sem Cristo está perdido. Nenhuma religião pode salvar o homem. Nenhum credo religioso pode reconciliar o homem com Deus. Nenhuma obra feita pelo homem pode atender as demandas da lei de Deus. Do religioso ao ateu e do doutor ao analfabeto, todos os homens estão irremediavelmente perdidos. A Bíblia diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Diz ainda que o salário do pecado é a morte. O homem está morto em seus delitos e pecados e assim como um morto não pode dar vida a si mesmo, um pecador não pode salvar a si mesmo. O nome de Jesus é o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é o único Caminho para Deus, a única Porta de entrada no céu, o único Mediador entre Deus e os homens. Jesus é o Salvador do mundo. 

Em segundo lugar, porque o evangelho é a única boa nova de salvação. Há muitas religiões no mundo, cada uma com sua doutrina e sua prática. Todas elas, exceto o Cristianismo, ensinam que o homem deve abrir um caminho da terra para o céu. Mas, a salvação não é uma conquista do homem, mas uma oferta da graça. O céu não é conquistado pelo esforço das obras, mas recebido pela fé em Cristo. O evangelho é a boa nova de que Deus amou o homem não pelos seus méritos, mas apesar de seus deméritos. Amou-o a despeito de ser fraco, ímpio, pecador e inimigo. Amou-o e entregou seu único Filho para morrer pelos seus pecados. O evangelho está centrado não na obra que fazemos para Deus, mas na obra que Cristo fez por nós na cruz. O evangelho não aponta para o merecimento humano, mas para a cruz de Cristo, onde o Filho de Deus morreu por nós. O evangelho é o palco onde Deus revela seu amor e sua justiça. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

Em terceiro lugar, porque a evangelização é uma ordem expressa de Deus. A evangelização é uma obra imperativa, intransferível e impostergável. O Senhor Jesus morreu na cruz, ressuscitou dentre os mortos e comissionou a igreja a ir por todo o mundo, levando as boas novas do evangelho a toda criatura. O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a todo o mundo. Não podemos nos calar. Não podemos sonegar aos povos o evangelho. Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade para pregar o evangelho. Essa é uma missão da igreja. Deus não tem outro método. Cabe-nos levar o evangelho por todos os meios legítimos, em todo o tempo, em todos os lugares, sob todas as circunstâncias. Devemos pregar o evangelho no púlpito e na página. Devemos pregar o evangelho pela mídia e através das redes sociais. Devemos pregar nos lares, nas escolas, nos hospitais, nas instituições públicas, nos templos, nas praças, proclamando que Cristo veio como Pão para a nossa fome, como Água viva para a nossa sede, como Luz para a nossa escuridão, como sacrifício cabal pelos nossos pecados.

Em quarto lugar, porque Deus é glorificado na salvação dos pecadores. O propósito maior da evangelização dos povos é que esses povos todos glorifiquem a Deus e exaltem seu nome. O centro da obra evangelizadora da igreja não é o homem, mas o próprio Deus. Devemos evangelizar para arrebatar os homens do fogo e também porque é ordem de Deus. Mas, sobretudo, devemos evangelizar porque a salvação do perdido traz glória ao nome de Deus. Há júbilo diante dos anjos de Deus, no céu, por um pecador que se arrepende. Os salvos serão, por toda a eternidade, verdadeiros troféus da graça de Deus e, nos salvos, Deus será glorificado para sempre e sempre!

Fonte: Boletim nº 161 (Recebido por e-mail)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Uma breve biografia de Jonathan Edwards


Por que, 300 anos depois, precisamos de Jonathan Edwards? John Piper em sua pregação “Uma Visão de Deus Exaltado sobre Todas as Coisa” afirma que é exatamente de uma visão de Deus exaltado sobre todas as coisas que precisamos. Mark  Noll escreve:
“A piedade de Edwards continuou na tradição revivalista, sua teologia continuou no calvinismo acadêmico, mas não houve sucessores para sua cosmovisão de Deus exaltado sobre todas as coisas. O desaparecimento da perspectiva de Edwards na história cristã da América tem sido uma tragédia.” [1]
É por isso que quero convidar você, leitor, a conhecer mais sobre esse herói da fé. Abaixo segue um trecho do artigo “Afetos da razão: um estudo sobre mente, afetos e vontade em Jonathan Edwards“ de Tiago Santos (nosso editor chefe).
[1] Mark Noll, “Jonathan Edwards, Moral Philosophy, and the Secularization of American Christian Thought,” Reformed Journal (Fevereiro 1983): 26.

A vida de Edwards (Tiago Santos)

Jonathan Edwards nasceu em East Windsor, Connectcut, no dia 5 de outubro de 1703 e faleceu aos 54 anos, em 22 de março de 1758, vítima de varíola, contraída após haver se voluntariado para ser inoculado com o vírus, para o desenvolvimento de uma vacina.
Filho de Timothy Edwards e Esther Stoddard Edwards, Jonathan era o único menino numa família de 11 filhos. Seu pai, Timothy, obteve sua graduação em Harvard (1691), serviu por um tempo (1711) como capelão no Canadá durante o conflito entre a França e o Reino unido e exerceu todo seu ministério pastoral em East Windsor (1694-1758). Timothy foi um pai amoroso e um educador meticuloso – ensinou Edwards e outras crianças o latim, o grego, e disciplinas bíblicas e religiosas. Esther Stoddard, mãe de Edwards, era uma mulher “afável e gentil”4,  ela viveu até os 98 anos de idade, e foi considerada “discreta, elegante e afável (…) apreciava os livros e conhecia bem os escritos teológicos”.5  Seu avô foi o famoso pastor Solomon Stoddard, considerado um dos pregadores mais influentes de seu tempo, na Nova Inglaterra.6
Edwards recebeu sua educação no “Collegiate School of Connecticut” (que receberia, mais adiante, o nome de seu benfeitor, Elihu “Yale”), em New Heaven a partir de 1716, com a idade de 13 anos. Durante os quatro anos em que lá permaneceu, Edwards aprendeu as seguintes disciplinas: Grego, Hebraico e Latim, no primeiro ano; lógica, no segundo; ciências naturais e humanas (gramática, retórica, história, astronomia, metafísica, ética, astronomia e geometria) no terceiro e quarto anos .7 Em seguida, Edwards ingressou no curso de mestrado que duraria mais dois anos.
Sua conversão aconteceu em meados da década de 1720, quando, segundo ele mesmo relata, ele passou a ter um “senso das coisas divinas”, o qual, com o tempo, “cresceu e se tornou mais e mais vívido, concedendo-me uma nova docilidade”.8 Em 1722, quando Edwards tinha apenas 18 anos, ele mudou-se para a cidade de Nova Iorque e pastoreou uma igreja presbiteriana por quase um ano. Esse foi um período em que Edwards experimentou crescimento espiritual e firmou sua determinação e chamado para o ministério pastoral. Foi também a época em que produziu suas Miscelâneas (que continha textos científicos e filosóficos), começou a registrar suas Narrativas Pessoais e elaborou suas famosasResoluções – aos dezoito anos de idade – que chegaram a 70 e seriam suas diretrizes para o resto de sua curta vida. Mesmo experimentando essas profundas mudanças em seu coração, sua mente curiosa e efusiva continuava a produzir. Aos 19 anos, em 1723, Edwards produziu um tratado sobre aranhas que ele denominou de The Spider Letter [A carta da Aranha]. Muito de sua vasta produção literária começou neste período e foi até o fim de seus dias. A mente aguçada era aliada de um intenso interesse pela investigação da verdade em todos os seus ângulos.
Edwards casou-se em 1727 com Sarah Pierrepont (1710-1758), filha do respeitado pastor da congregação de New Heaven, James Pierrepont e bisneta do famoso pregador puritano, Thomas Hooker. O casamento incrementou a força e docilidade de Edwards e foi um elemento que levou segurança e conforto à sua vida pelos 30 anos subsequentes. Edwards e Sarah tiveram 11 filhos. Sobre Sarah, Lloyd-Jones diz que foi “tão santa quanto o próprio Edwards”. 9
Edwards assumiu o ministério como pastor assistente em Northampton ao lado de seu avô, o grande Salomon Sotoddard, em 1727, quando este já contava com 83 anos. Dois anos mais tarde, com o falecimento do avô, Edwards foi alçado ao ministério pastoral daquela igreja na Nova Inglaterra, uma das mais importantes e influentes daquela região, naquele tempo. Seu púlpito era vigoroso e sua ação pastoral atingia a todos da comunidade – Edwards foi um evangelista ferrenho e demonstrou grande interesse nas vidas dos membros de sua igreja, mantendo uma agenda intensa de visitações. Ele era dado a longos tempos de oração, não raro saindo para cavalgar e afugentar-se num lugar específico, nos bosques próximos à sua residência, onde passava horas em oração e contemplação. Um avivamento aconteceu em sua própria congregação, em meados de 1730 e, nos anos 1740, época em que Edwards conheceu e associou-se com o pregador e evangelista itinerante britânico George Whitefield, aconteceu o chamado Grande Despertamento, do qual Edwards foi um importante instrumento e entusiasmado defensor. Em 1741, ele pregou uma mensagem em Yale que mais tarde foi publicada sob o título de The Distinguishing Marks of the a Work of the Spirit of God [As marcas distintivas da obra do Espírito de Deus],  10em que dava apoio ao Despertamento e demonstrava os sinais que o distingue.
Em 1750, Edwards experimentou o momento mais difícil de sua vida, quando foi desligado de sua igreja por haver se posicionado contra uma prática implementada por seu avô anos antes, chamada de Halfway Covenant [aliança do meio-termo], que consistia na permissão de que as pessoas participassem da Ceia se exibissem um bom padrão moral em sua vida e fizessem uma confissão básica de fé. Stoddard fizera isso porque ele tinha expectativa que o tomar da ceia poderia ser uma oportunidade de conversão, como, aliás, ocorrera em sua própria experiência. Edwards exigiu que somente crentes professos e que exibissem fruto de salvação fossem admitidos à mesa. Foi despedido. 230 membros votaram por sua saída e apenas 23, por sua permanência.
Edwards tornou-se missionário para os índios e dedicou tempo para a produção literária, tendo produzido neste período algumas de suas obras mais importantes. Em Janeiro de 1758, Edwards aceitou – com relutância – assumir a presidência da recém-fundada, porém já prestigiada, universidade de Princeton, sucedendo seu genro Aaron Burr, que faleceu alguns meses antes. Edwards ficou apenas cinco semanas no cargo, pois faleceu em 22 de março daquele mesmo ano. Sarah, sua esposa, faleceu alguns meses depois e foi sepultada ao seu lado, no cemitério de Princeton.
Leia a o restante do artigo sobre o legado de Edwards aqui.
Por Tiago Santos. Extraído da revista digital: teologiabrasileira.com.br

sábado, 18 de agosto de 2012

O ARGUMENTO TOLO DOS PREGUIÇOSOS: “A LETRA MATA, MAS O ESPÍRITO VIVIFICA”



Por Fabio Campos

Texto base: “Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica”. (2 Co 3:6 NVI).

Alguns meses atrás, participando de um culto, o pregador até bem intencionado soltou esta perola: “A letra mata, mas o espírito vivifica”. No contexto da ministração ele dizia a cerca dos “teólogos” que só criticam, e por serem homens de muito estudo, a soberba tinha ganho espaço em seus corações; e como “a letra mata e o espirito vivifica”, teríamos que tomar cuidado com os tais teólogos.

Confesso que aquela ministração “acabou” com meu domingo! Por ser um ministro de “posição” relevante no ministério e pelo tempo de caminhada cristã, “juguei” inadmissível o falar deste pregador. Este versículo é mal usado pelos preguiçosos que não querem estudar a Bíblia em profundidade. Quero ver se estes, em suas faculdades, não se aprofundam no conteúdo programático da matéria a ser lecionada! É triste! Isso só tem uma explicação: falta de temor a Deus, e desprezo por sua Santíssima Palavra.

A passagem de 2 coríntios diz respeito a “prática da Lei” para justificação diante de Deus, ou seja, para quem vive com base em seus próprios méritos. O que tenta ser justificado pela Lei, por causa de sua incapacidade devido a sua natureza carnal, será condenado por não ter satisfeito a justiça de Deus.

O apóstolo Paulo nos diz que mediante a justiça de Deus, no sacrifício vicário do Senhor Jesus, aquilo que fora impossível a Lei, Deus o fez enviando seu Filho em semelhança de carne pecaminosa, condenando o pecado na carne, para que a justiça sendo satisfeita, e no derramamento do Espírito, o “principio ativo” de nosso coração que antes era o desejo de pecar, mudasse para o desejo de se santificar. Agora com a Lei escrita em nossos corações, este “princípio ativo” deseja a santificação.

Deus sendo perfeito, logo sua Lei é perfeita e Santa! Já o homem caído, depravado, nunca poderá chegar a este nível; a sentença mediante a Lei é morte por não ter sido cumprida. A Lei projeta para a Santidade de Deus, e o evangelho nos faz “cumprir” a vontade divina. Por isso que Cristo sendo a justiça perfeita de Deus, condenou o pecado em seu próprio corpo para aquele que nele crer não morra (segunda morte), mas tenha a vida eterna. Mediante o Espirito Santo que vivifica o homem morto em suas transgressões, este passa a ser participante da natureza divina, livrando-se da corrupção e das paixões que há no mundo. Sua vontade agora é de agradar a Deus ao invés dos seus desejos pecaminosos!

Não dá para entender o argumento destes irmãos (me refiro aos "velhos" de caminhada cristã)! A palavra de Deus é tão simples quando entendemos que nós é que somos complicados! Com a iluminação do Espirito podemos entendê-la em sua essência! Precisamos buscar a Deus para que Ele nos dê mais amor pelas Escrituras e assim não cometer erros gravíssimos como esses!

O salmista diz ter prazer na Lei do Senhor e medita nela de dia e de noite (Sl 1:2). Um obreiro que não deseja ser envergonhado, precisa e deve manusear bem a Bíblia (2 Tm 2:15). Ele também deve estar preparado para responder com mansidão aqueles que perguntarem a respeito do evangelho (1 Pe. 3:15).

A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus (Rm. 10.17) e a santificação, ou seja, o processo de tirar o mundo dentro do salvo, é por meio da Palavra, que é a Verdade (Jo. 17:17 / Sl 119:9). Infelizmente muitas igrejas não têm o hábito do estudo sistemático das Escrituras. Muitos se deixam levar pelo o engodo de satanás, se abstendo da meditação para se alimentarem de visões, profetadas em cultos de “batalha espiritual” e coisas do gênero. Esquecem que satanás foi derrotado pela Palavra (Mt. 4: 1-11). “Está escrito”. Isso é sujeição a Deus!

É uma vergonha saber que irmãos pensam assim! Eles nem imaginam quanto sangue foi derramado para que o livro sagrado chegasse a nossas mãos! Esses que criticam os teólogos (digo gente séria) denotam contrariedade quando leem suas Bíblias, pois com cem por cento de certeza o nome de alguns desses estudiosos estão em suas edições.

Só posso definir este sentimento, o de não ter prazer em meditar na Lei do Senhor, da seguinte forma: “quem está na carne não pode agradar a Deus e nem tem prazer em suas coisas, logo o espírito não habita nesta pessoa (Rm 8:5-9). Do contrário, eles seriam felizes em ler e praticar as Escrituras (Sl 119:1-2). Teriam sede em saber mais dos propósitos de Deus (Sl 119: 27), e a Palavra estaria constantemente em seus lábios em forma louvor” (119: 48).

Spurgeon certa vez, disse: “Aquele que rejeitar a Palavra de Deus por Ele será rejeitado”. Não sejamos como os sacerdotes do tempo de Oséias que levaram o povo a destruição por rejeitarem os decretos divinos, e tiveram a condenação de serem rejeitados por Deus. Mas sejamos guerreiros que com a espada nas mãos, por meio da ação do Espírito, com amor pelos decretos do Senhor, levemos muitos ao conhecimento da verdade, e esta pura, sem nenhuma adulteração incitada por satanás. Nosso Deus não é “híbrido”! Sua Palavra não pode ser sincretizada, e tudo que vem da mente humana contrário as escrituras, é pagã. Rejeitemos esses ensinos!
Deus abençõe!

Fabio Campos
Soli Del Gloria!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Devoção de Jonathan Edwards


Wilson Porte Junior

Wilson Porte Junior é ministro da Convenção Batista Brasileira, membro da Comunhão Reformada Batista do Brasil, pastor da Igreja Batista Liberdade, em Araraquara-SP, apresentador do programa de TV "conexão", professor de Exposição Bíblica, Grego e Hebraico no Seminário Martin Bucer, e de Teologia Sistemática, História Eclesiástica, Grego e Hebraico na Sociedade de Estudos Bíblicos Interdisciplinares (SEBI). Coordenador da SEBI-Araraquara. Bacharel em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e mestre em Teologia pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (Universidade Presbiteriana Mackenzie).

Era o cair da tarde em Northampton. Enquanto alguns homens já desfrutavam do descanso de seu lar, outros ainda retornavam do campo anelando pelo descanso da noite. Enquanto isso, muitos acenavam para um casal bastante conhecido e amado na cidade. Eles passeavam em seus cavalos e conversavam. Sua amizade era como um alento. Ao retornarem ao lar, e aos onze filhos, Jonathan e Sarah Edwards tinham juntos seus momentos devocionais antes de dormirem. E, assim, terminava mais um dia.

Dentro do pouco que conhecemos sobre a piedade de Edwards, encontra-se sua relação com Sarah, sua esposa. Segundo o Dr. Alderi Souza de Matos (CPAJ-Universidade Mackenzie), Edwards e Sarah possuíam grande harmonia, amor e companheirismo. Até o final de sua vida, eles mantiveram o hábito de andar a cavalo, ao cair da tarde, para poderem conversar. Antes de dormirem, sempre tinham juntos seus momentos devocionais.

Jonathan Edwards viu a Bíblia, acima de tudo, como um livro de instruções, cujo objetivo é guiar os cristãos no caminho da obediência à vontade de Deus.

Influência Puritana
Edwards era um típico congregacional da Nova Inglaterra, conformando-se às formulações puritanas de devoção pública e particular. Em seu livro, Jonathan Edwards on Worship: Public and Private Devotion to God (Jonathan Edwards sobre adoração: devoção pública e particular a Deus), Ted Rivera afirma que, embora os hábitos devocionais particulares de Edwards sejam quase totalmente desconhecidos, o pouco que sabemos é que Edwards herdou dos antigos puritanos sua ansiedade pela segurança da salvação, seu zelo em acabar com o pecado, e sua preocupação cuidadosa por um autoexame.

Como os demais puritanos, Edwards estava muito preocupado em crescer firmemente em fé e boas obras. A santificação pessoal, que começa com a devoção particular diária, resulta em boas obras que devem ser ilimitadas. Para os puritanos, uma verdadeira confiança em Cristo nunca  é infundida sem outras graças com ela, graças estas que sempre resultam no bem do próximo.

Autoexame
Em 1738, Jonathan Edwards pregou uma série de sermões intitulada Charity and Its Fruits (Caridade e seus frutos) onde tratou das práticas espirituais, do amor divino e dos hábitos dos crentes. 

Edwards, nestes sermões, demonstrou que gostaria que sua congregação observasse muitas destas práticas espirituais particulares: exame da consciência, constante avaliação espiritual, orações familiares matutinas e vespertinas, leitura particular das Escrituras, encontros com outros cristãos, e uma abrangente observância do Sabbath.

William C. Spohn, em artigo publicado no Journal of Religious Ethics (Revista de Ética Religiosa), destaca que "de seus escassos escritos autobiográficos, parece que sua rotina diária era organizada em torno destes exercícios devocionais".

Estes sermões foram pregados após um avivamento na igreja local (Northampton), por volta de 1736-37, e pouco antes do Grande Despertamento, ocorrido entre 1740-43. Estes sermões esboçam algumas práticas específicas que foram vividas antes e durante o Grande Despertamento.

Edwards sempre praticou e recomendou a prática do autoexame. Segundo ele, o autoexame é uma forma de manter a piedade diária que, por sua vez, tem como objetivo neutralizar as tendências persistentes ao pecado. O autoexame serve também para trazer energia para a vida moral, que é o símbolo mais seguro de uma conversão religiosa.

Como a maioria dos puritanos, Edwards praticava regularmente o autoexame. Seus diários, do período em que ele era bem jovem, nos mostram alguém buscando examinar cuidadosamente suas motivações, disposições e ações. Edwards recomendava seus paroquianos a, regularmente, praticarem o autoexame, não apenas uma vez ou duas, mas diária e continuamente, até que, por assim fazer, suas mentes iriam, degrau por degrau, crescer. Assim, conquistariam um hábito de consideração saudável de sua alma, além de uma vida e ação prudentes.

A Devoção: Uma Busca Pela Santidade
John Gerstner, em seu livro Jonathan Edwards: a mini-theology (Jonathan Edwards: uma mini-teologia), dedica o capítulo nove para tratar da busca pessoal de Edwards pela santidade. De seus sermões escritos, em mais de 1.200 o tema central é a santificação. Além dos sermões, seus escritos também estão carregados deste tema.

Em seu livro Religious Affections (Afeições Religiosas), ao tratar sobre justificação, opondo-se ao antinomianismo e ao neonomianismo, Edwards insiste por uma pura doutrina da santificação como um corolário da justificação.

Em A Faithful Narrative of the Surprising Work of God (Uma narrativa fiel da surpreendente obra de Deus), bem como em Thoughts on Revival (Pensamentos sobre Reavivamento), Edwards perseguiu determinadamente o mesmo tema. EmHumble Attempt (Esforço Humilde), Edwards faz um chamado à oração, essencial para a santificação.

Ao tratar da necessidade de santificação, Gerstner destaca que, nos sermões de Edwards, é contrário à razão um Deus santo abraçar criaturas imundas. É igualmente estranho imaginar um Deus que ama criaturas imundas, pois, tal amor, perverteria tanto Ele com o céu. Há uma razão inerente na natureza do pecado que torna necessário que o pecador seja infeliz e incapaz de ser feliz. Para Edwards, para que um cristão seja feliz, ele deve obedecer tanto às práticas espirituais diárias, quanto àquelas relacionadas ao 2º mandamento. Para ele, alguém não pode ser salvo sem obedecer ao 2º mandamento (amar ao próximo).

Para Edwards, quando colocamos a santificação em prática, evidenciamos ao diabo o triunfo glorioso do Senhor sobre ele. Edwards não compreende um cristão que não se satisfaz com a santidade. O cristão não está satisfeito com nada menos do que ser perfeitamente santo. O cristão verdadeiro e sincero dá mais glória a Deus do que um mundo todo de homens maus.

Em um de seus sermões, Edwards diz que uma pessoa dando um copo d'água em nome de Cristo significa muito mais para Deus do que um não convertido entregando seu corpo para ser queimado. Cristianismo consiste em prática. O homem natural não pode mortificar suas próprias concupiscências. A fé posta em ação é capaz de mortificar as concupiscências do coração humano; e é uma evidência de seu poder.

Embora os cristãos possuam um princípio novo e poderoso que sobrepõe suas concupiscências, estas ainda permanecem presentes e, por isso, a devoção diária nunca deve ser negligenciada. Para Edwards, há no coração piedoso uma luta comparável àquela que aconteceu no ventre de Rebeca entre Jacó e Esaú. Guerra é outra analogia que Edwards usa para descrever a luta no coração da pessoa convertida.

Edwards e as Manifestações Extraordinárias
Segundo Spohn, Edwards não se prendeu às manifestações extraordinárias da graça em seus sermões no período do Grande Despertamento - muito menos após este período. À semelhança de João da Cruz, outro teólogo que experimentou momentos intensos de enlevo espiritual, Edwards sempre suspeitou de fenômenos místicos.

Para Edwards, as manifestações extraordinárias não davam nenhuma prova de conversão ou santidade. A autenticidade da experiência religiosa não era determinada por sua intensidade ou natureza incomum, mas pela qualidade de vida que emergia dela. Novos hábitos da vida cristã, manifestariam gradualmente que a pessoa era, de fato, "espiritual", ou seja, que ela tinha parte na santidade de Deus através do Espírito Santo que vive nela.

Um Exemplo Final
Fredrick Youngs, escrevendo para o Journal of the National Association of Baptist Professors of Religions (Revista da Associação Nacional de Professores Batistas de Religião), disse que, uma vez que a ênfase de Edwards sobre religião experiencial surgiu de sua própria experiência, passagens autobiográficas serão as fontes primárias para quem deseja prosseguir na tarefa de entender a devoção e piedade de Jonathan Edwards. Em sua Personal Narrative (Narrativa Pessoal), Edwards traz dois parágrafos consecutivos descrevendo eventos de logo após sua conversão.
Pouco tempo depois que comecei a experimentar estas coisas, falei com meu pai sobre alguns pensamentos que passaram em minha mente. Fiquei muito afetado pela conversa que tivemos. E, quando a conversa terminou, caminhei sozinho para fora, num lugar solitário nos campos de pastagens de meu pai, para meditar. E, enquanto eu estava andando lá, e olhei para o céu e nuvens, veio à minha mente uma sensação doce da gloriosa majestade e graça de Deus, que não sei como expressar. Pareceu-me vê-las em uma terna conjunção: majestade e mansidão se juntaram: era uma majestade santa, doce e gentil, e também uma majestosa mansidão; uma ternura impressionante, uma ternura elevada, grande, e santa.
Após isso, meu senso das coisas divinas gradualmente aumentaram, e se tornou mais e mais vivo, e eu sentia mais daquela ternura interior. A aparência de tudo mudou: parecia haver em quase tudo, por assim dizer, um molde ou aparência calma e terna da glória divina. A excelência de Deus, sua sabedoria, sua pureza e amor, pareciam aparecer em tudo; no sol, na lua e nas estrelas; nas nuvens e no céu azul; na grama, nas flores, nas árvores; na água e em toda a natureza; as quais ele usou grandemente para consertar minha mente... E, enquanto eu observava... como sempre parecia natural para mim, eu cantava todas as minhas meditações, falando os meus pensamentos em solilóquios, e falando-os com um canto.
Edwards, desde muito cedo, provou a Deus. Desfrutou de sua comunhão e compartilhou isso com sua família em primeiro lugar. A exemplo dele, concluo refletindo sobre como seria saudável se voltássemos a praticar tais "antigos" hábitos devocionais. Como precisamos anelar mais a Deus do que qualquer bem que dele venha a nós! Ele é o mais precioso bem que podemos encontrar. Ele se oferece a nós e nos convida a irmos a ele, diariamente! Creio que, sem essa sede e fome pelo Senhor, jamais experimentaremos um gracioso despertamento do Senhor, como Jonathan e Sarah Edwards experimentaram. E, tenha certeza, um despertamento espiritual, sempre começará em sua casa!



Ted Rivera. Jonathan Edwards on worship: public and private devotion to God. Eugene: Pickwick, 2010.
Alderi Souza de Matos. Jonathan Edwards: teólogo do coração e do intelecto. Fides Reformata. v. 3, n. 1., 1998.
William C. Spohn. Spirituality and its Discontents: Jonathan Edwards's Charity and Its FruitsJournal of Religious Ethics. v. 31, n. 2, 2003.
John Gerstner. Jonathan Edwards: a mini-theology. Morgan: Soli Deo Gloria, 1987.
Sermões de Jonathan Edwards.
Jonathan Edwards. Original Sin. Cornwall: Diggory Press, 2007.
Jonathan Edwards. Religious Affections. Grand Rapids: Sovereign Grace, 1971.
Fredrick Youngs. Jonathan Edwards, A Mystic? Journal of NABPR. 
Jonathan Edwards. Letters and Personal Writings. New Haven: Yale University Press, 1998.

O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um Desafio às Mulheres



John Piper

John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.

Neste breve texto, o pastor John Piper enumera, como que em oração, uma lista de importantes conselhos direcionados às mulheres cristãs, a fim de que vivam para a glória de Cristo.
  1. Que tudo da sua vida - em qualquer esfera - seja devotado à glória de Deus.
  2. Que as promessas de Cristo sejam confiadas tão plenamente que paz, alegria e força encham sua alma a ponto de transbordar.
  3. Que essa plenitude de Deus abunde em atos diários de amor, de forma que as pessoas possam ver suas boas obras e glorificar ao seu Pai no céu.
  4. Que vocês sejam mulheres do Livro, que amem, estudem e obedeçam a Bíblia em cada área do seu ensino. Que a meditação sobre a verdade bíblica possa ser a fonte de esperança e fé. E que vocês continuem a crescer em entendimento através de todos os capítulos de sua vida, nunca pensando que o estudo e o crescimento são apenas para os outros.
  5. Que vocês sejam mulheres de oração, de forma que a Palavra de Deus se abra para vocês; e o poder da fé e santidade desça sobre vocês; e sua influência espiritual crescerá no lar, na igreja e no mundo.
  6. Que vocês sejam mulheres que tenham uma profunda compreensão da graça soberana de Deus, fortalecendo todo esse processo espiritual; que sejam pensadoras profundas sobre as doutrinas da graça, e amantes e crentes profundos dessas coisas.
  7. Que vocês sejam totalmente comprometidas ao ministério, seja qual for o seu papel específico, que não desperdicem o seu tempo em revistas de senhoras ou hobbies inúteis, assim como seus maridos não deveriam desperdiçar o tempo deles em esportes excessivos ou coisas sem propósito na garagem. Que você redima o tempo para Cristo e seu reino.
  8. Que vocês, se solteiras, explorem seu solteirismo para a plena devoção a Cristo e não sejam paralisadas pelo desejo de se casar.
  9. Que vocês, se casadas, apoiem a liderança do seu marido de maneira criativa, inteligente e sincera, tão profundamente como uma obediência a Cristo permitir; que vocês o encorajem em seu papel designado por Deus como o cabeça; que vocês o influenciem espiritualmente primariamente através da sua tranquilidade destemida, santidade e oração.
  10. Que vocês, se tiverem filhos, aceitem a responsabilidade com o seu marido (ou sozinhas, se necessário) de criar os filhos que esperam no triunfo de Deus, compartilhando com ele o ensino e a disciplina das crianças, e dando aos filhos aquele toque e cuidado protetor especial que vocês são unicamente capacitadas para dar.
  11. Que vocês não assumam que o emprego secular é um desafio maior ou um melhor uso da sua vida que as oportunidades incontáveis de serviço e testemunho no lar, na vizinhança, comunidade, igreja e no mundo. Que não proponham somente a pergunta: Carreira vs. Mãe em tempo integral? Mas que perguntem tão seriamente: Carreira em tempo integral vs. Liberdade para o ministério? Que vocês perguntem: O que seria maior para o Reino - ser empregado de alguém que lhe diga o que você deve fazer para seu negócio prosperar, ou ser um agente livre de Deus, sonhando o seu próprio sonho sobre como seu tempo, seu lar e sua criatividade poderiam fazer o negócio de Deus prosperar? E que em tudo isso você faz suas escolhas não sobre a base de tendências seculares ou expectativas de estilo de vida, mas sobre a base do que fortalecerá a sua família e promoverá a causa de Cristo.
  12. Que vocês parem e (com seus maridos, se forem casadas) planejem as várias formas da sua vida ministerial em capítulos. Os capítulos são divididos por várias coisas - idade, força, solteirismo, casamento, escolha de emprego, crianças no lar, crianças na escola, netos, aposentadoria, etc. Nenhum capítulo é tudo alegria. A vida finita é uma série de permutas. Encontrar a vontade de Deus, e viver para a glória de Cristo plenamente em cada capítulo é o que faz dele um sucesso, não se ele se parece com o capítulo de outra pessoa ou se tem nele o que o capítulo cinco terá.
  13. Que vocês desenvolvam uma mentalidade e um estilo de vida guerreiro; que nunca se esqueçam que a vida é breve, que milhões de pessoas estão entre o céu e o inferno todos os dias, que o amor ao dinheiro é suicídio espiritual, que os objetivos de mobilidade ascendente (roupas chiques, carros, casas, férias, comidas, hobbies) são um substituto pobre para os objetivos de viver para Cristo com toda a sua força, e maximizar sua alegria no ministério ao ajudar pessoas.
  14. Que em todos os seus relacionamentos com os homens vocês procurem a direção do Espírito Santo ao aplicar a visão bíblica da masculinidade e feminilidade; que vocês desenvolvam um estilo e comportamento que faça justiça ao papel único que Deus deu aos homens para serem responsáveis pela liderança graciosa com relação às mulheres - uma liderança que envolve elementos de proteção, cuidado e iniciativa. Que vocês pensem criativamente e com sensibilidade cultural (assim como ele deve fazer) ao moldar o estilo e ajustar o tom de sua interação com os homens.
  15. Que vocês vejam a direção bíblica para o que é apropriado e inapropriado para os homens e mulheres em relação uns para com os outros, não como restrições arbitrárias sobre a liberdade, mas como prescrições sábias e graciosas de como descobrir a verdadeira liberdade do ideal de complementaridade de Deus. Que vocês não mensurem sua potencialidade pelas poucas funções restringidas, mas pelas incontáveis oferecidas.

Fonte: Desiring God
Tradução: Desiring God
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

6 Marcas de um Pastor Atemorizado Diante de Deus




Paul Tripp é o presidente de Paul Tripp Ministries, organização sem fins lucrativos cujo slogan de missão é "Conectando o poder transformador de Jesus Cristo à vida diária". É também professor de vida e cuidado pastoral no Redeemer Seminary, em Dallas (Texas), e diretor executivo do Center for Pastoral life and Care, em Fort Worth (Texas). É casado há muitos anos com Luella, e têm quatro filhos adultos.

Quais os sinais que se produzem no coração de um pastor atemorizado diante de Deus, que são vitais para um ministério eficaz, produtivo e que honra a Deus?

1. Humildade
Não há nada que se compare ao estar indefeso diante da maravilhosa glória de Deus, para colocar-lhe em seu devido lugar, para corrigir a maneira com que você se vê pessoalmente, para arrancar-lhe da sua arrogância funcional, e para tirar-lhe o vento das velas da sua justiça própria. Diante de Sua glória, eu me sinto despido, sem qualquer glória que ainda possa restar-me a fim de que eu possa exibir-me diante de outros. Enquanto eu me compare com outros, poderei sempre encontrar outra pessoa cuja existência parece fazer-me, por comparação, mais justo. Mas se eu comparar meus panos imundos ao puro linho, eternamente sem manchas, da justiça de Deus, eu correria a esconder-me com um coração dilacerado e envergonhado.

E isto foi o que aconteceu com Isaías no capítulo seis. Ele está diante do majestoso trono da glória de Deus e diz: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." (Isaías 6:5). Isaías não está falando aqui em termos de uma formal hipérbole religiosa. Ele não está buscando tornar-se agradável diante de Deus por mostrar-se "ó, tão humilde". Não; Isaías aprendeu que só à luz da colossal glória e santidade de Deus, é que você poderá ter uma visão exata e correta de si mesmo e entender a profunda necessidade de ser resgatado com o resgate que só a graça gloriosa de Deus poderá prover-lhe.

Com o correr do tempo durante sua vida ministerial, muitos pastores chegam a se esquecerem de quem são eles. Têm uma visão inchada, destorcida, grandiosa de si mesmos, que os mantêm altamente inacessíveis, e que lhes permitem justificar seus pensamentos, seus desejos, as coisas que dizem, e a fazerem aquilo que, biblicamente, não é justificável fazer. Eu já "estive lá" e, de quando em quando, caio outra vez no mesmo erro. Em ocasiões como essas, eu tenho que ser resgatado de mim mesmo. Quando você está sobremodo maravilhado de si mesmo, você se posiciona para ser hipócrita, controlador, super confiante, e um autocrata eclesiástico extremamente crítico. Você, inadvertidamente, constrói um reino em cujo trono você mesmo se assenta, não importa o quanto afirme que tudo o que você faz, o faz para a glória de Deus.

2. Sensibilidade
A humildade, que só este sentir atemorizante de Deus pode produzir no meu coração, cria em mim, sensibilidade pastoral para com as pessoas que carecem da mesma graça. Ninguém pode compartilhar graça melhor do que aquele que está profundamente convencido de que ele mesmo necessita esta graça, e a recebe de Cristo. Esta sensibilidade me faz afável, gentil, paciente, compreensivo e esperançoso diante do pecado alheio, sem nunca comprometer o chamamento santo de Deus. Protege-me de estimativas como "... não acredito que você pudesse fazer uma coisa dessas!," o que, diga-se, me faz essencialmente diferente de todos os demais. É difícil apresentar o Evangelho a alguém, quando você está contemplando esse alguém, com superioridade. Confrontar os pecados dos outros com uma sensibilidade inspirada em meu assombro diante Deus, me livra de ser um agente de condenação, ou de esperar que a lei cumpra aquilo que somente a graça pode cumprir, e me motiva a ser um instrumento dessa graça.

3. Paixão
Não importa o que está funcionando, ou o que não está funcionando bem em meu ministério, não importa quais as dificuldades que eu esteja vivendo, ou tampouco importa as lutas pelas quais eu esteja passando, a influente glória de Deus me anima a levantar-me pela manhã e fazer aquilo para o qual fui dotado e chamado para fazer, e faze-lo com entusiasmo, coragem e confiança. Minha alegria não se deixa maniatar pelas circunstâncias ou pelos relacionamentos, e meu coração não é tomado por qualquer direção em que ditas circunstâncias e relacionamentos o queiram levar. Tenho toda razão para alegrar-me porque sou um filho escolhido, e um servo recrutado pelo Rei dos reis, e Senhor dos senhores, o grande Criador, o Salvador, e meu Chefe. Ele está sempre perto e é sempre fiel. Minha paixão pelo ministério não depende de como eu esteja sendo recebido. Minha paixão flui da realidade de que eu fui recebido por Ele. Não me entusiasmo porque as pessoas possam gostar de mim, mas porque Ele me tem aceitado e me tem enviado. Não estou apaixonado por meu ministério, por ser, o ministério, algo glorioso, mas sim porque Deus é eternamente e imutavelmente glorioso. Assim eu prego, ensino, aconselho, lidero e sirvo com uma paixão evangélica que inspire e acenda o mesmo sentir naqueles ao meu redor.

4. Confiança
Confiança - aquele sentimento de bem-estar e de capacitação, me vem de conhecer Aquele a quem sirvo. Ele é minha confiança e minha habilidade. Ele nunca irá chamar-me para uma tarefa para a qual não me tenha capacitado. Ele tem mais zelo pela saúde de sua igreja do que eu jamais poderia ter. Ninguém tem maior interesse no uso dos meus dons do que Aquele que me outorgou ditos dons. Ele está sempre presente e sempre de boa vontade. Ele é todo-poderoso e todo omnisciente. Ele é ilimitado em amor e glorioso em sua graça. Ele não muda; para sempre é fiel. Sua Palavra nunca cessará de ser a verdade. Seu poder para salvar nunca será exaurido. Seu governo nunca deixará de existir. Nunca será conquistado por algo maior do que Ele mesmo. Assim, eu posso fazer com confiança tudo o que Ele me chamou para fazer, não em virtude de quem eu seja, mas porque Ele é o meu Pai, e é glorioso em todos os aspectos, em todos o sentidos.

5. Disciplina
O ministério pastoral, nem sempre é glorioso. Muitas vezes as suas expectações ingénuas, são apenas isso – ingenuidade. E algumas vezes se levará mais do que um ministério de sucesso e a apreciação do povo para arrancar-lhe da cama e cumprir o seu chamado. Outras vezes você não verá muitos frutos como o resultado de seus esforços e tampouco terá muitas esperanças de uma colheita breve e abundante. Algumas vezes você se verá traído e se sentirá sozinho. Então, a sua disciplina precisa estar arraigada em alguma coisa mais profunda do que sua avaliação horizontal de como as coisas pareçam estar caminhando. Eu estou cada vez mais convencido, em minha própria vida, de que uma auto-disciplina robusta e firme, do tipo essencial para um ministério pastoral, está solidificada na adoração. A gloriosa existência de Deus, Seu caráter, Seu plano, Sua presença, Suas promessas e Sua graça, me fornecem a motivação para trabalhar com ardor e nunca desistir, sem importar-me se estamos vivendo sob um tempo de amenidade, ou se estamos sob uma época tempestuosa.

6. Repouso
Finalmente, enquanto contemplo minha própria fraqueza e os distúrbios da igreja local, o que poderá trazer verdadeiro repouso ao meu coração? A Glória! Esta lhe dará repouso. É o conhecimento de que nada é tão difícil para o Deus a quem você serve. É a segurança de que todas as coisas são possíveis para Ele. É saber, como Abraão, que Aquele que fez todas aquelas promessas, é fiel para cumpri-las. Ainda que pareça haver múltiplas razões no nível horizontal para fazer-nos ansiosos, eu não permitirei que meu coração seja raptado por preocupação ou medo, porque o Deus de inestimável glória, que me tem enviado, Ele mesmo prometeu: "Eu serei contigo." Eu não tenho que fazer joguinhos mentais comigo mesmo. Eu não tenho que negar, nem minimizar a realidade a fim de que me sinta bem, porque Ele já tem invadido minha existência com Sua glória, e eu posso descansar até mesmo, e de certa forma, no conceito truncado do "já" e do "não ainda" cumprido e realizado.

Recuperando nossa perplexidade diante de Deus
Em conclusão, eu não tenho uma fórmula de estratégias para lhe oferecer. Mas lhe aconselho a correr agora, e correr rapidamente ao seu Pai de aterrorizante glória. Confesse a ofensa do seu tédio ministerial. Ore e peça por olhos abertos aos 360 graus, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que você veja a exibição da glória à qual você tem estado cego. Determine-se dedicar uma porção de cada dia para meditar na glória de Deus. Clame, busque com vigor a ajuda de outros e lembre-se de estar agradecido por Jesus quem lhe oferece Sua graça, mesmo ainda naqueles momentos quando essa graça não é, nem no mínimo, gloriosamente valiosa para você como deveria ser.

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