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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Não Confunda Conhecimento e Sucesso com Maturidade



Paul Tripp


Paul Tripp é o presidente de Paul Tripp Ministries, organização sem fins lucrativos cujo slogan de missão é "Conectando o poder transformador de Jesus Cristo à vida diária". É também professor de vida e cuidado pastoral no Redeemer Seminary, em Dallas (Texas), e diretor executivo do Center for Pastoral life and Care, em Fort Worth (Texas). É casado há muitos anos com Luella, e têm quatro filhos adultos.

Eu não somente cedi à tentação de permitir que o ministério pastoral se tornasse a minha identidade, mas também cai em duas outras tentações.

Deixei a proficiência bíblica e o conhecimento teológico definirem minha maturidade. No ministério, é muito fácil admitir uma redefinição sutil, mas importante, do que é e do que faz a maturidade espiritual. Essa definição tem suas raízes no que pensamos sobre o que é o pecado e o que ele faz. Muitos pastores têm a falsa definição de maturidade que resulta da aculturação acadêmica do seminário.

O seminário tende a academizar a fé, torná-la um mundo de ideias que precisam ser dominadas, por isso os alunos aceitam facilmente a crença de que maturidade bíblica se refere à precisão de conhecimento teológico e à proficiência bíblica. Todavia, maturidade espiritual não é algo que você faz como sua mente (embora isso seja um elemento importante). Maturidade diz respeito ao modo como vivemos. É possível ser teologicamente perspicaz e imaturo. É possível conhecer muito bem a Bíblia e ser necessitado de crescimento espiritual significativo.

Graduei-me com honras no seminário. Ganhei prêmios acadêmicos. Eu imaginava que era maduro e sentia-me mal compreendido e mal interpretado por todos que não compartilhavam de meu discernimento. De fato, vi aqueles momentos de confrontação como perseguição que um indivíduo enfrenta quando se dedica ao ministério do evangelho. Em essência, eu entendia de modo errado o pecado e a graça. O pecado não é, em primeira instância, um problema intelectual. O pecado é, primeiramente, um problema moral. É minha rebelião contra Deus, minha busca para ter, para mim mesmo, a glória de Deus. O pecado não é, principalmente, uma quebra de um conjunto abstrato de regras. É, ante de tudo, a quebra do relacionamento com Deus. Visto que eu quebrei este relacionamento, é natural e fácil que eu me rebele contra Deus.

Portanto, não é apenas a minha mente que precisa ser renovada pelo ensino bíblico correto, meu coração também precisa ser resgatado pela poderosa graça do Senhor Jesus Cristo. O resgate de meu coração é tanto um evento (justificação) como um processo (santificação). O seminário não resolve o meu problema mais profundo – o pecado. Pode contribuir para a solução, mas pode também cegar-me para a verdadeira condição por sua tendência de redefinir maturidade. Maturidade bíblica nunca diz respeito ao que sabemos, mas sempre ao modo como a graça emprega o que chegamos a saber para transformar a nossa maneira de viver.

Pense em Adão e Eva. Eles não desobedeceram a Deus porque eram intelectualmente ignorantes dos mandamentos de Deus. Ultrapassaram conscientemente os limites estabelecidos por Deus, porque buscaram a posição de Deus. A guerra espiritual do Éden foi travada no campo dos desejos do coração. Considere Davi. Ele não tomou Bate-Sabe para si e planejou livrar-se de seu marido porque ignorava as proibições de Deus contra adultério e assassinato. Agiu porque, em algum momento, não se importou com o que Deus queria. Davi teria o que seu coração desejava, não importando o custo.

Ou pense o que significa ser sábio. Há enorme diferença entre conhecimento e sabedoria. Conhecimento é um entendimento exato da verdade. Sabedoria é entender e viver à luz de como a verdade se aplica às situações e aos relacionamentos de nossa vida diária. Conhecimento é o exercício de nosso cérebro. Sabedoria é o compromisso de nosso coração que leva à transformação da vida.

Embora eu não o soubesse, entrei no ministério pastoral com uma ideia não bíblica sobre maturidade bíblica. De uma maneira que agora me assusta, eu pensava que minha posição era certa. Por isso, quando minha esposa, Luella, me confrontava com amor e fidelidade, o fato é que eu não estava apenas sendo defensivo. E me convenci de que ela tinha um problema. Costumava usar meu conhecimento bíblico e teológico para defender a mim mesmo. Eu era um desastre e não tinha ideia disso.

Sucesso não é necessariamente uma aprovação

Confundi sucesso no ministério com aprovação de Deus quanto ao meu viver. O ministério pastoral era estimulante, em muitas maneiras. A igreja estava crescendo numericamente, e as pessoas pareciam crescer em sua vida espiritual. Pareciam cada vez mais comprometidas em ser parte de uma comunidade espiritual vibrante. E vimos pessoas vencerem batalhas do coração com a graça de Deus. Fundamos uma escola cristã que estava crescendo e expandindo sua reputação e influência.

Nem tudo era tranquilidade. Houve momentos dolorosos e árduos, mas eu começava meus dias com o senso de que Deus me chamara para cumprir este ministério. Estava liderando uma comunidade de fé, e Deus estava abençoando nossos esforços. Mas usei essas bênçãos da maneira errada. Sem saber que eu o estava fazendo, tomei a fidelidade de Deus para mim, para seu povo, para a obra de seu reino, para seu plano de redenção e para sua igreja como uma aprovação de mim mesmo. Minha perspectiva dizia: "Eu sou um dos caras bons, e Deus está por trás de mim em tudo isso". De fato, eu diria para Luella (isto é embaraçador, mas preciso admitir): se eu fosse um cara tão mau, por que Deus estaria abençoando tudo em que ponho as mãos?

Deus não estava agindo porque aprovava minha maneira de viver, e sim por causa de seu zelo por sua própria glória e sua fidelidade às promessas de graça para seu povo. Deus tem autoridade e poder para usar qualquer instrumento que ele escolhe, da maneira que escolhe. O sucesso no ministério é sempre mais uma afirmação sobre Deus do que uma afirmação sobre as pessoas que ele usa para cumprir seus propósitos. Entendi tudo errado. Tomei daquilo que eu não podia fazer o crédito que eu não merecia. Fiz tudo girar em torno de mim; por isso, não me via como alguém destinado ao desastre e em profunda necessidade do regate da graça de Deus. Eu era um homem que necessitava de graça resgatadora. Por meio da fidelidade de Luella e das perguntas perscrutadoras de meu irmão, Tedd, Deus fez exatamente isso.

E quanto a você? Como você vê a si mesmo? O que diz com regularidade a respeito de si mesmo? É diferente daqueles aos quais você ministra? Vê a si mesmo como um ministro da graça necessitado da graça? Está acomodado com as desconexões entre o evangelho que você prega e a sua maneira de viver? Há desarmonias entre seu ministério público e os detalhes de sua vida particular? Você encoraja em sua igreja um nível de comunidade ao qual você mesmo não se dedica? Não crer que alguém possa ter uma visão mais exata a seu respeito do que você mesmo? Usa o conhecimento ou a experiência para manter-se longe de confrontação?

Não tenha medo do que você é em seu coração. Não precisa temer ser conhecido; porque não existe nada em você que poderia ser exposto que já não foi coberto pelo precioso sangue de seu Salvador e Rei, Jesus.


Traduzido por: Wellington Ferreira
Editor: Tiago Santos
Copyright © Paul Tripp
Copyright © Editora FIEL 2012.

O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

sábado, 2 de junho de 2012

Matando a Ira



John Piper

No casamento, a ira rivaliza com a lascívia como um assassino. Minha opinião é que a ira é um inimigo pior do que a lascívia. A ira também destrói outros tipos de camaradas. Algumas pessoas têm mais ira do que pensam, porque ela tem disfarces. Quando a força de vontade esconde a raiva, a ira queima no íntimo, e os dentes da alma rangem com frustração. Ela pode manifestar-se em lágrimas que parecem tristeza. Mas o coração tem aprendido que esta talvez seja a única maneira de revidar a tristeza causada.

A ira pode se manifestar em silêncio, porque temos resolvido não lutar. Pode se mostrar em críticas severas e correção implacável. Pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a origem da ira. Ela sempre se sentirá justificada pelo erro da causa. Afinal de contas, Jesus ficou irado (Mc 3.5), e Paulo disse: "Irai-vos e não pequeis" (Ef 4.26).

No entanto, a boa ira entre pessoas caídas é rara. Foi por isso que Tiago disse: "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1.19-20). Paulo também disse: "Os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade" (1 Tm 2.8); e: "Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia" (Ef 4.31).

Portanto, uma das maiores lutas da vida é a luta para manter "longe de nós a ira", e não apenas para controlar suas expressões. Para ajudá-lo nesta luta, eis aqui nove armas.

Primeira, pondere os direitos de Cristo de ficar irado, mas, depois, considere como ele suportou a cruz como um exemplo de longanimidade: "Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos" (1 Pe 2.21).

Segunda, pondere quanto você tem sido perdoado e quanta misericórdia lhe tem sido mostrada. "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Ef 4.32).

Terceira, pondere sua própria pecaminosidade e tire a trave de seu próprio olho. "Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão" (Mt 7.3-5).

Quarta, pense em como você não quer dar lugar ao Diabo, porque ira abrigada no íntimo é aquela coisa que a Bíblia diz explicitamente que abre a porta e o convida a entrar: "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo" (Ef 4.26-27).

Quinta, pondere a tolice de seu próprio autossofrimento, ou seja, os numerosos efeitos prejudiciais da ira para aquele que está irado - alguns espirituais, alguns mentais, alguns físicos e alguns relacionais. "Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos" (Pv 3.7-8).

Sexta, confesse seu pecado de ira para algum amigo de confiança, bem como ao ofensor, se possível. Esta é uma importante atitude de cura: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tg 5.16).

Sétima, permita que sua ira seja a chave para destrancar os calabouços do orgulho e da autopiedade em seu coração e substituí-los por amor: "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Co 13.4-7).

Oitava, lembre que Deus operará todas as coisas para o seu bem, enquanto você confia na graça futura. Seu ofensor pode até lhe fazer o bem, se você reagir com amor: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tg 1.2-4).

Nona, lembre que Deus vindicará sua causa justa e acertará todas as coisas melhor do que você poderia fazê-lo. Ou seu ofensor pagará no inferno, ou Cristo já pagou por ele. Seu revide seria risco dobrado ou uma ofensa para a cruz. "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor" (Rm 12.19). "Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (1 Pe 2.23).

Que matemos nossa ira e lutemos por alegria e amor cada dia.

www.desiringgod.org



Editor: Tiago Santos
Copyright © 2012 John Piper / Desiring God Ministries
Copyright © 2012 Editora Fiel

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Copyright © 2012 Editora Fiel
Traduzido por: Wellington Ferreira
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